Minha história
Dos campos do Sul às rádios da América Latina
“Meter a mão na terra, e dela retirar poemas e canções, é para quem sabe que dela saiu e para ela um dia voltará”.
Valdir Ribeiro nasceu em São Valério do Sul, mas viveu sua infância em Três Passos. Aos 16 anos, seu pai queria que o filho tentasse a carreira como músico, mas não era o que Valdir gostava. Como ele declamava, seu pai pensou que Ribeiro poderia ser locutor ou cantor. Ribeiro começou então a trabalhar como operador de áudio na rádio Difusora de Três Passos, e o dono da emissora, que na época era deputado estadual, convenceu o pai de Valdir a mandar o filho para Porto Alegre para estudar.
Ainda aos 16 anos, Ribeiro foi para Porto Alegre logo no início da ditadura, fazer um curso de rádio e jornal. Estudou durante um ano o curso que preparava profissionalmente locutores de rádio e trabalhadores em jornal, na época chamados de linotipistas. Em seguida, fez um estágio de 6 meses na rádio difusora de Porto Alegre, atual rádio Bandeirantes. Como na época o estágio não era pago, Ribeiro trabalhava meio expediente em uma revendedora de peças para pagar seu almoço, e em outros lugares para pagar sua pensão, que ficava em uma região perigosa de Porto Alegre. Quando retornou para Três Passos, voltou a trabalhar na rádio Difusora e logo depois teve que ir para o Exército cumprir o ano obrigatório do serviço militar, na Cavalaria de San Tiago do Boqueirão, tendo que ficar por volta de um ano e meio fora da rádio. Ao concluir o exercício militar, foi para a rádio Progresso de Ijuí, onde permaneceu por cerca de 1 ano. Nessa época seus pais haviam retornado para São Valério do Sul, sua cidade natal, onde possuíam alguns hectares de terra.
Com 21 anos, e sabendo de todas as dificuldades que os pais passavam no interior, Ribeiro resolveu voltar para a terra onde nasceu. Ficou 2 anos e meio fora das rádios novamente, lavrando, plantando com máquina manual, colhendo de foice, e muitas vezes debulhando os grãos à manguá, mas sempre ouvindo música nativa. Depois de certo tempo, retornou à rádio de Três Passos, porém recebeu uma proposta para trabalhar no departamento de comunicação da empresa Cotrijuí e acabou voltando para a cidade de Ijuí, sendo transferido logo em seguida para a unidade de Santo Augusto, onde trabalhou também na área de assistência social e no departamento de crédito. Após este período, trabalhou 2 anos e meio na Agência do Banco do Brasil em Santo Augusto, mas sempre com o pensamento voltado para rádio e jornal. Valdir sempre comentava com um compadre seu de Horizontina sobre seu desejo de terminar a vida trabalhando em rádio, pois era o que gostava e o que sabia fazer. Logo então recebeu uma proposta para trabalhar em uma rádio naquele município. O radialista, na época casado e com uma filha, conta que largou o seu emprego no Banco do Brasil para ir trabalhar na rádio em Horizontina. Trabalhou 10 meses ali e foi convidado para vir à Santa Rosa trabalhar no departamento de publicidade da antiga Ferramis, onde trabalhou por 1 ano e meio, e paralelamente trabalhava na Sul Brasileira, atual rádio Noroeste. Logo depois foi trabalhar como assessor de imprensa do então prefeito Antonio Carlos Borges, ficando lá por 5 anos, e após mais 6 anos com o prefeito Erni Friederich, mas sempre trabalhando paralelamente na rádio.
Por volta de 1978, fazia o programa Écos da Terra, o qual inspirou um grupo musical da cidade a batizar a banda com o mesmo nome do programa. Quando a rádio Guaíra entrou no ar, Ribeiro estreou na mesma o programa América Canta. Pelo fato de ter feito o programa Écos da Terra na mesma emissora, porém na frequência AM, no novo programa, agora FM, o radialista já possuía um público que o acompanhava.
Sobre a música gaúcha, o radialista diz que não sabe quando o gênero terá o salto que merece, porque como já tivemos 3 presidentes da república que eram gaúchos e não tivemos a coragem de implantar no Rio Grande do Sul uma emissora de televisão à nível nacional, porque querendo ou não a televisão é o grande difusor para outros estados. Segundo ele, uma hora de televisão equivale à um dia inteiro ouvindo rádio, “é claro que o rádio ajuda, sempre ajudou, mas é limitado, já a televisão não, então nós perdemos essa oportunidade na época, e não sei se hoje é possível recuperar”, afirma ressaltando que a pesar da internet, hoje o rádio ainda é grande aliado das pessoas, sempre em algum lugar alguém está ouvindo.
Ribeiro já compôs alguns poemas gravados por alguns amigos como Kiko Gaúcho e Calico Ribeiro, dentre outros, mas disse que prefere mais interpretar. Ribeiro possui seguidores de diversos lugares, inclusive da Argentina. Ele conta que participou do festival de Cosquim como ‘periodista’(jornalista em português), na república de Córdoba na Argentina, uma pequena cidade de cerca de 16 mil habitantes, mas que nos dias do festival recebe aproximadamente 100 mil pessoas, com visitantes de todo o Rio Grande do Sul e do resto do país, inclusive de outros países, sendo o maior festival da América do Sul em termos de nativismo gaúcho. O festival dura 9 dias, com uma grande estrutura à céu aberto. Foi esse um dos eventos onde Ribeiro conheceu muitas pessoas e ficou também conhecido por muitos de outros países que hoje acompanham o seu programa.
Ribeiro conta que pretende passar tudo o que sabe para o filho ou para outra pessoa que esteja ligada ao ramo da profissão, para que possam substituí-lo futuramente. Também já pensou em fazer uma versão do programa da rádio para a televisão, mas diz que é difícil alguma emissora dar oportunidade para este tipo de programa. Conta também que sempre lê a contracapa do disco antes de escutar, e que não roda a música no programa sem antes escutar em casa. Também lê seguidamente sobre a história do Rio Grande do Sul e da América do Sul. O projeto atual de Ribeiro é colocar no ar uma rádio online.
Valdir Ribeiro
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