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04/07/2019 21h40 - Atualizado em 04/07/2019 21h44

Da roça ao tribunal: conheça juiz do DF que chegou a morar em escola para não perder aula

Filho de pai analfabeto e mãe dona de casa, Fábio Esteves foi o primeiro da família a entrar na universidade. Formado em direito, ele assumiu magistratura em 2007.

 

É de um gabinete no Tribunal do Júri do Distrito Federal que o juiz Fábio Francisco Esteves analisa processos criminais que circulam na capital do país. Ele assumiu a magistratura em 2007 e faz questão de lembrar que a conquista do cargo exigiu esforço, dedicação, suor e uma dose de oportunidade.

Aos 39 anos, Esteves carrega as experiências que viveu quando menino, no interior do Mato Grosso do Sul, onde nasceu. Homem preto e de origem humilde, ele enfrentou condições adversas para estudar.

Foi o pai, analfabeto, quem pediu à prefeitura da cidade da zona rural para instalar uma escola na região. O desejo era permitir que os três filhos tivessem acesso à educação (veja foto abaixo).

O pedido foi atendido, mas a escola construída era longe demais da casa da família - ficava a 23 quilômetros de distância. Para não perder as aulas, aos 10 anos, Esteves passou a morar de favor no colégio. Ele conta que dormia na sala de aula e era cuidado por duas professoras.

Desde então, o hoje juiz seguiu firme nos estudos e se tornou o primeiro da família a acessar o ensino superior. Esteves se formou em 2003 na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS).

"A educação significa a constituição da minha vida. Foi mais que uma transformação, foi a possibilidade de uma vida digna. Tudo que sou foi por meio dos estudos."

Sonho de juiz
Os outros dois filhos da família terminaram o ensino médio. Na mesma época, no entanto, Esteves lembra que teve a certeza de que queria seguir adiante.

Desde menino, ele diz que sonhava em ser juiz. A vontade de seguir a profissão veio de um manual de profissões. "Já entrei [no curso de direito] me preparando para a magistratura. Era o que que queria, não tentei a advocacia", revela.

A inspiração, diz ele, também veio do desejo de fazer a diferença na sociedade.

"Escolhi [a carreira] mirando a possibilidade de transformação, não só da minha vida, mas do contexto social. Isso seria mais possível se fosse por essa carreira."

Esteves assumiu, em 2007, o cargo de juiz substituto no DF. Depois, ele foi promovido para juiz titular da vara criminal do Núcleo Bandeirante - onde atua até hoje. Em 2016, foi eleito presidente da Associação dos Magistrados do DF (Amagis).

A primeira audiência
Assim como acontece com quem enfrenta e supera obstáculos para construir a própria carreira, Fábio Esteves lembra com detalhes os momentos da vida profissional. A primeira audiência dele, em 5 de fevereiro de 2007, "foi tensa e intensa", recorda.

"Percebi que, ali, precisava conduzir um ato judicial e pensei: 'bom, tenho certeza que ainda me falta muita experiência [...] então, que impere a humildade'. Foi aí que as coisas começaram a fluir."

Desde então, o juiz já esteve à frente de inúmeros casos, inclusive julgamentos que repercutiram em Brasília, como a condenação do ex-dono da Gol Nenê Constantino e o processo que investiga o "crime da 113 Sul".

Projeto social
Envolvido desde jovem com projetos sociais, mesmo depois de ingressar na magistratura, o juiz Esteves deu seguimento "ao que acredita".

Em Brasília, o magistrado está à frente de uma iniciativa - chamada Educação em Direito - que ensina, de forma gratuita, noções de direito e de cidadania a pessoas de baixa renda.

O projeto começou em 2010 com a ajuda de um amiga, e oferece aulas sobre direito do consumidor, direito à saúde, educação e à privacidade.

"Minha forma de exercer a magistratura é um modelo que deixa minha marca enquanto juiz: por meio do diálogo com instituições e com comunidades."

 

Fonte: G1

 

Faixa feita por Fábio Esteves quando foi aprovado no concurso para juiz do TJDFT, em 2007 — Foto: Arquivo pessoal Faixa feita por Fábio Esteves quando foi aprovado no concurso para juiz do TJDFT, em 2007 — Foto: Arquivo pessoal
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