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19/12/2014 19h28 - Atualizado em 19/12/2014 19h29

Alfabetização e bilinguismo: vivências pedagógicas em sala de aula

Segundo Paulo Freire “Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto”.

 

Assim, a construção da leitura e da escrita não acontece independente das relações com o meio e com as vivências que cada criança traz. Segundo Vygotsky, o homem se constitui na e pela linguagem, isto é, na interação com outros sujeitos cujas formas de pensar são construídas por meio da apropriação do saber da comunidade em que ele está inserido.

Nesse contexto, o bilinguismo encontra seu objetivo na interação entre os sujeitos. Bilinguismo não é um método de educação, tampouco surge como uma nova proposta educacional.  Mas define quem é usuário de duas línguas e vem como uma possibilidade de inclusão do indivíduo ao meio sociocultural a que pertence, ou seja, às comunidades de surdos e ouvintes.

Alfabetizar com bilinguismo é tentar garantir que através do acesso e conhecimento das duas línguas se torne possível à interação entre todos os alunos sem situações em que a língua se torne instrumento indispensável.

Com base nesses conceitos, foi desenvolvida durante o ano letivo de 2014, em uma Escola Estadual de Santa Rosa, uma experiência de alfabetização bilíngue, em que se partiu da língua falada, como primeira língua para o conhecimento e aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais.

  A partir do momento que nos deparamos com o desafio de alfabetizarmos uma criança com surdez bilateral, mas com implante coclear há três anos, temos muitos questionamentos como: E agora? Como fazer? De que maneira possibilitar que todos na turma aprendessem e se comunicassem?

É claro, não encontramos respostas prontas, nem receitas, pois conforme Antônio Machado: “Não há caminho, o caminho se faz ao caminhar”. Então após muitos tropeços, erros e acertos, concluímos que o melhor a ser feito era trazer para todos e durante a construção da leitura e escrita, a Língua falada junto com a Língua Brasileira de Sinais. No princípio causou estranheza para as crianças, mas a partir do momento que perceberam que esta linguagem os auxiliava na comunicação com o colega, a aprendizagem dos Sinais ficou significativa e despertou interesse em todos.

Tudo que era aprendido em sala de aula foi levado para casa a fim de que as crianças compartilhassem com seus pais essas aprendizagens criando, assim, uma rede de trocas.  Essa proposta de Bilinguismo na alfabetização foi utilizada como um modo de garantir uma melhor possibilidade de acesso à educação.

  O respeito às diferenças é o começo para uma educação com bilinguismo. Pois, tanto os ouvintes, quanto os surdos serão favorecidos com o bilinguismo. Afinal, só assim poderemos afirmar que a educaçãoé inclusiva. No entanto a criança surda precisa ser inserida nessa proposta desde o começo de sua escolarização, buscando tornar o processo de alfabetização mais tranquilo e de sucesso.

  Para usarmos o bilinguismo, todos os recursos precisam ser utilizados com cuidado e orientação para que essa transição se faça de maneira natural e principalmente que invada as próximas séries do ensino fundamental e consequentemente do ensino médio. Claro que é um processo lento, mas que tem que ser seguido com segurança e orientação de profissionais que dominam a Língua Brasileira de Sinais ou que estejam dispostos a dominá-la.

 

 

Por Indiara Veçozzi

Professora e assessora pedagógica.

17ª Coordenadoria Regional de Educação.

 

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