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25/01/2020 21h17 - Atualizado em 25/01/2020 21h21
De uma mentira, criou-se uma verdade
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Paulo Schultz
Professor
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A mais perigosa das bizarrices é aquela que se revela um monstro empoderado.
Por três vezes o Brasil elegeu pessoas bizarras para a presidência.
Pela ordem: Jânio Quadros, Collor de Melo, e agora Bolsonaro.
Nas duas primeiras experiências, tínhamos vários fatores circunstanciais, além de componentes de personalidade, que não conferiram àquelas pessoas, naqueles dois momentos, a possibilidade de implementarem ações que produzissem risco de retrocesso social e econômico de grande envergadura, ou de rompimento de regime democrático.
Agora é diferente.
Bolsonaro é a mais perigosa das bizarrices alçadas ao poder no país.
Por tudo que faz, por tudo que diz,por tudo que expressa, pela violência e pelo ódio, e pelo que instiga de pior nas pessoas que o seguem.
Há em torno dele e de seu governo um comando diário autorizativo, para que as pessoas que o apoiam ou seguem se sintam autorizadas a dizer, fazer e liberar o que tem de pior dentro de si em relação ao outro ser humano, e também em relação ao meio ambiente e ao próprio país.
É perceptível nas aparições públicas, nas lives, nas postagens, que há em torno de Bolsonaro algo denso, nocivo, sombrio, carregado, que acompanha sua imagem e que também se veicula por suas palavras ditas ou postadas.
Isso, aliado à condição de líder de milhões de seguidores, é que torna o ambiente séria e perigosamente propício à maldade, à insensibilidade e à perversão.
Baseado em discursos violentos, bizarros, grotescos e fundamentalistas, nasceu e se solidificou a mentira do mito, e a partir da mentira do mito produziu-se uma verdade perigosamente eleita, uma figura colocada em uma posição de poder onde jamais deveria estar.
O que é esse "mito", senão a projeção, o espelho, de milhões de brasileiros que compartilham de uma mesma visão doente e insana de sociedade.
É o monstro que sai de dentro de cada um e cada uma que segue ou apoia Bolsonaro, e se materializa em um corpo-mito, no qual eles projetam um elemento líder que os empodera e encoraja a mostrarem quem de fato são, e o que querem para si e para os outros.
Baseado em mentiras se fez um mito, e a partir da propagação do mito, se construiu uma verdade, nociva, perigosa e que não respeita a vida, pois vivem todos, criadores do mito, curvados à frente de um homem-totem que venera a morte.
Foto Internet
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Comentários
Muito bem conceituado amigo, esse mito projeta a barbárie, o grotesco, o sádico que existe dentro dos seres humanos de terceiro mundo, sem fundamento e sem categoria. Minions zumbis abrutalhados.
Marina Bitencorte Oliveira - 30/01/2020 10h13
Bolsonaro é muito mais perigoso do que se imagina. Prova disso é que incentiva e libera armas para a população. Seu objetivo é que as pessoas
resolvam seus problemas com armas. Prova disso é que todo dia vemos notícias de pessoas matando outras, entre elas, vizinhos, esposa, familiares ou mesmo por qualquer desavença no trânsito. Até quando as pessoas vão aceitar isso? Até quando vão ignorar a responsabilidade por ter eleito um homem como Bolsonaro para ser o presidente do NOSSO país?
RIGO - 27/01/2020 13h00
Muitas pessoas acreditaram no novo, com vistas a una mudança positiva e hoje admitem o engano. Tantas outras porém, se identificaram com a figura e o pior, continuam acreditando no ifiota.
Terezinha - 26/01/2020 11h06
Muito bem observado! A gente nem imaginava que havia tanto ódio guardado nos baús só esperando um cara como ele dar sinal para se abrirem. Parece um pesadelo: perseguição às artes, a educação, aos trabalhadores e a própria nação. Entrega toda a nossa riqueza ao capital internacional e nos transforma em escravos! O doído disso tudo é que grande parte das pessoas estão completamente anestesiadas e não entendem tudo isso como uma descomunal ameaça às suas vidas e a de tod@s nós!
Mara Rosana Foltz - 26/01/2020 10h58
Verdade,companheiro,pq infelizmente pela ignorância grande parte do povo se espelha e reflete a mesma
Helena - 26/01/2020 08h19