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15/05/2011 13h55 - Atualizado em 30/11/2011 11h32

Raiva em cães e gatos

Simone Rauber Würfel Simone Rauber Würfel
Médica Veterinária - Universidade Federal de Pelotas

A raiva é uma doença infecciosa aguda causada por um vírus mortal, tanto para os homens quanto para os animais, podendo acometer todos os mamíferos de sangue quente. O vírus, pertencente à família Rhabdoviridae, se multiplica e se propaga via nervos periféricos até o sistema nervoso central, além de se instalar nas glândulas salivares, onde se multiplica, sendo excretado na saliva. A transmissão ocorre, principalmente, quando o vírus da raiva existente na saliva do animal infectado penetra no organismo através da pele ou mucosas por mordedura, assim como pela lambedura de pele com ferimento já existente ou de mucosa (boca, narinas e olhos), mesmo íntegra. A arranhadura por unha de gato, que tem o hábito de se lamber, pode ser profunda, introduzindo o vírus.
Conhecida desde a Antiguidade, sempre foi uma doença muito temida devido à transmissão, ao quadro clínico e à evolução. Civilizações antigas acreditavam que a doença era causada por influências sobrenaturais, pelo fato de cães e lobos parecerem possuídos por demônios. A palavra raiva tem origem em “rabene”, que em latim significa “fúria” ou “delírio”, e “rabhas”, que é “tornar-se violento” em sânscrito.
É considerada uma das zoonoses de maior importância em Saúde Pública, não só pela evolução drástica e letal, como também por seu elevado custo social e econômico.
Apresenta distribuição ampla e mundial, tendo em vista a alta capacidade de adaptação às diferentes espécies de mamíferos. Em alguns países desenvolvidos, a raiva humana está erradicada e a raiva nos animais domésticos está controlada, mas ainda é efetuada vigilância epidemiológica em função dos animais silvestres, considerados de alto risco por serem reservatórios naturais do vírus, propiciando a contaminação de animais domésticos.
No Brasil, cães e gatos são os principais transmissores da raiva aos homens e responsáveis pela maioria dos atendimentos. Em áreas urbanas, os cães são responsáveis por 85 a 95% dos casos e os gatos, de 7 a 10%. Em zonas rurais, além de cães e gatos, o morcego hematófago é um importante transmissor da doença, podendo infectar bovinos, equinos, suínos, caprinos, ovinos, além de morcegos de outras espécies, e todos estes animais podem transmitir a raiva para o homem.
O período de incubação antes da manifestação dos sinais clínicos é muito variável e depende da concentração do inóculo viral e da distância entre o local do ferimento e o cérebro, estando relacionada com a extensão, a gravidade e o tamanho da ferida causada pelo animal agressor. Para cada espécie animal o período de incubação é diferente, mas em geral varia de 15 dias a 4 meses. A excreção do vírus na saliva começa um pouco antes da manifestação dos sinais clínicos e continua até a morte do animal.
O curso clínico da doença varia de 3 a 10 dias, no entanto, compreende classicamente três fases: prodrômica, furiosa e paralítica. A fase prodrômica frequentemente passa despercebida, sendo possível perceber sinais discretos de alteração de comportamento. Na fase furiosa, são evidentes os sinais de comportamento incomum, como irritabilidade, inquietação, vocalização, agressividade, entre outros. Também é possível notar desorientação, salivação excessiva, convulsões e paralisia. A forma paralítica é a mais comum, na qual desenvolvem-se sinais de paralisia progressiva e generalizada, depressão, coma e morte.
O diagnóstico da raiva é feito através do quadro clínico sugestivo com antecedente de mordedura ou outros tipos de exposição. Entretanto, é essencial a rápida confirmação mediante exames laboratoriais para a raiva animal de modo que as pessoas expostas possam receber profilaxia adequada o mais rápido possível. Em caso de suspeita, deve-se manter o animal isolado e em observação até que se tenha a confirmação.
Uma vez instalada a doença não há tratamento específico, e a letalidade é de 100%. Em razão do extremo risco à saúde pública, o tratamento não se justifica.
A vacinação de cães e gatos contra a raiva é a atividade que mais contribui para que a raiva seja controlada nessas espécies, tendo como consequência importante decréscimo de casos em seres humanos. Aliado a isso, a população em geral deve receber orientação educacional a fim de esclarecer sobre os perigos da doença e seu modo de transmissão. Uma vez instalados os sintomas da raiva em uma pessoa, quase sempre a doença é fatal. Desse modo, a prevenção torna-se fundamental.
Deve-se evitar a aproximação de animais estranhos, tocar em animais feridos, separar animais que esteja brigando ou mantendo relações sexuais, aproximar-se ou tocar em fêmeas com cria e perturbá-los quando estiverem comendo, bebendo ou dormindo. Além disso, deve-se impedir o contato entre animais domésticos e selvagens.
Vacine seu animal de estimação aos três meses de idade e um ano depois. A dose de reforço deve ser aplicada a cada três anos ou conforme recomendações do médico veterinário.

 

Cães e gatos devem ser imunizados contra a raiva animal. Cães e gatos devem ser imunizados contra a raiva animal.

Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente a opinião do portal.

 

Comentários

Estou achando falta dos seus artigos Dra Simone. Escreve aí pra nós!

Fernando-Ctba - 22/05/2012 20h09

Parabéns Simone...muito bem escrito

Wladimir - 12/08/2011 18h04

Parabéns Dra. Simone pelo oportuno artigo!!!!

Paulo Miranda - 03/08/2011 01h01

Parabéns Simone...adorei tua reportagem...

Greici Oliveira - 12/07/2011 22h02

Parabéns pela reportagem, nunca é demais estarmos atentos a carteirinha de vacinação para que não haja qualquer risco tanto para o ser humano nem mesmo com o animal...

Luciane- Santa Catarina - 04/06/2011 19h33

 

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