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06/04/2024 21h49
PRÊMIOS NÃO MERECIDOS
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Paulo Schultz
Professor
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Tem pessoas que têm uma sorte medonha.
Tem gente que ganha prêmio de sorte, quando menos espera.
E tem gente que ganha prêmio que não merece, quando as circunstâncias acabam fazendo com que isso aconteça.
Olha só...
O tucano Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, ganhou uma reeleição sem merecer.
Quase ficou de fora do segundo turno da eleição de 2022 para governador, tendo feito apenas em torno de 2.500 votos a mais ( miseráveis 0,04%) do que o candidato do PT, Edegar Pretto.
Por esta margem apertadíssima foi para o segundo turno.
Caso não tivesse ido, teria sido o fim da carreira política do prodígio, que foi Prefeito de Pelotas e governador gaúcho muito cedo, em termos de idade.
Teve aí sua primeira grande sorte.
Na sequência veio o prêmio....
Primeiro, porque seu adversário no segundo turno era o medíocre e picareta Onix Lorenzoni.
Em que pese Onix ser então o candidato representante do bolsonarismo no estado, com toda a adesão da maioria do eleitorado gaúcho ao bolsonarismo, o cara é muito ruim, muito fraco, e caiu como uma luva para Eduardo Leite enfrentar uma criatura assim.
Além do mais, Leite não precisou fazer nenhum esforço para ganhar os eleitores do PT e da esquerda, que, em sua grande maioria, taparam o nariz e fecharam os olhos, e votaram em Eduardo Leite para não ter que arcar com o mal maior, que seria assistir a ascensão do bolsonarismo no executivo gaúcho, com uma figura medonha e medíocre, e com todo o fundamentalismo insano que traria estragos imensos para o povo gaúcho.
Resultado: vitória fácil no segundo turno, e uma reeleição ganha sem merecimento.
Sem merecimento por aquilo que foi seu primeiro governo.
Uma continuidade do governo anterior, do MDB de Sartori, e que aprofundou de maneira mais agressiva a forma neoliberal de gestar o estado - encolhendo políticas públicas, privatizando estatais estratégicas ( por preço vil ), passando a patrola por cima do conjunto do funcionalismo público estadual (precarizando carreiras e miserabilizando, inclusive aposentados), desassistindo segmentos inteiros, tanto econômicos, quanto sociais, do Estado.
Outra figura, que pode ganhar um prêmio em seguida é o ex - juiz e protótipo de herói da midia e da elite brasileira, Sérgio Moro.
Como magistrado, um juiz declarado parcial, um corrompedor do sistema judiciário brasileiro.
Como político, um medíocre, um fraco.
Um ano e pouco de mandato de senador que, até aqui, mostrou que Moro não tem tamanho político nenhum para estar ali. Tanto é que some dentro da composição do senado, por conta da sua pequenez política.
Bom, o prêmio que ele pode ganhar é a cassação do seu mandato, por conta de possíveis irregularidades cometidas em sua eleição, em 2022.
Sim, a cassação será um prêmio para ele, porque sairá do senado com o discurso e o carimbo de vítima, de mártir lutador contra a corrupção, e que foi perseguido e abatido pelo sistema.
Na real, irregularidades e cassação à parte, melhor seria que ele fizesse um mandato inteiro e único de senador, para que ficasse comprovado cabalmente o tamanho de sua mediocridade e a impossibilidade de ser rotulado como herói.
A cassação é um prêmio que Moro não merece.
E..vejam...quer maior prêmio ganho, e absolutamente não merecido, do que Bolsonaro ter ganho um mandato de Presidente.
Um deputado cabeça de bagre e bizarro, do baixo clero do centrão, com 7 mandatos improdutivos, tosco, ignorante e umbilicalmente ligado a milicianos no Rio.
Como diz o ditado, "a vida nem sempre é justa".
Não só na política, mas em outras tantas áreas.
O bom é que a Terra é redonda, não é plana, e ela dá voltas... e lá pelas tantas, quem ganhou um prêmio não merecido acaba tendo que acertar as contas, e, de alguma forma, tendo que devolver o que ganhou sem merecer.
A gente só precisa ter paciência, e estar vivo prá ver.
Com sorte, ou com azar, vida que segue.
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