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24/09/2023 09h20
CIDADES EM CHAMAS
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Paulo Schultz
Professor
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Fim de setembro , início de primavera, calor de mais de 35 graus.
O vento que sopra nas ruas é quente.
O calor que vem do asfalto é sufocante.
Nos espaços urbanos onde antes haviam árvores, hoje existem clarões e tocos rentes ao solo. E mais calor.
Trechos urbanos com mata nativa remanescente, são postos abaixo para beneficiar empreendimentos de alguns poucos com alto poder econômico.
Além disso, a título de revitalizar espaços públicos, obras de governos locais produzem o seguinte: onde antes havia conjuntos de árvores altas, copadas, que produziam sombra e arrefeciam o calor, existe agora pavimentação asfáltica ou travessia pavimentada de pedestres a céu aberto.
Esse é o quadro de um grande número de municípios do Estado do Rio Grande do Sul.
Resultado da combinação de afrouxamento ambiental intencional ocorrido no período de quatro anos do governo infernal de Bolsonaro, com governos municipais absolutamente alinhados, subservientes, coniventes e, muitas vezes, prepostos do poder econômico local.
Tome-se por exemplo o que acontece em Porto Alegre, na gestão do bolsonarista Sebastião Mello.
Acontece em Santa Rosa, na região noroeste do Rio Grande do Sul, onde o governo local ( uma aliança entre PP e MDB), funciona como uma espécie de preposto do poder econômico.
Basta uma busca rápida no Google , nos jornais locais e em sites, e se terá exemplos, tanto em Porto Alegre, quanto em Santa Rosa - e assim em outras tantas cidades do Rio Grande grande do Sul, onde a destruição do ambiente natural é feita de maneira explícita e orgulhosa em benefício de alguns empreendimentos privados.
O resultado disso é, para além da facilitação para quem detém o poder econômico, um calor infernal.
São cidades em chamas, ardendo em temperaturas que ultrapassam os 35 graus e cuja sensação térmica às vezes atinge de 45 a 50 graus.
Trabalhar, estar nas ruas, circular pelas ruas, ou simplesmente viver, se torna algo sofrível e insalubre nessas temperaturas.
Com exceção daqueles que podem trabalhar em ambientes refrigerados e daqueles que podem circular serenamente dentro de seus carros com ar condicionado ( como quem vive em uma bolha de microclima próprio e agradável), como fica a maioria da população ?
Como fica o viver nessas cidades ?
Este é um ponto fundamental : estabelecer qual o grau de sustentabilidade e de ambiente natural propício para a vida das pessoas nas cidades.
Colocar o viver das pessoas dentro de um ambiente salubre, com temperatura suportável e qualidade de ar, à frente de interesses econômicos.
Isso deve ser observado nas eleições municipais do ano que vem.
As pessoas precisam perceber quem governa com foco nas pessoas, no bem-estar e na proteção ao ambiente natural, e quem está no poder e quer ficar, ou se pretende colocar, em governos municipais que agem prioritariamente para atender interesses de quem detém o poder econômico.... e o resto que se f... .
Me deixa ver as ações e realizações de quem está no governo, e eu te digo para quem essa gente governa.
Já dizia Humberto Gessinger..." Nós estamos por aí... a fim de sobreviver... "
Com qualidade de vida, sustentabilidade e ambiente agradável nas cidades.
Ninguém suporta viver em cidades em chamas.
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Comentários
Como sempre colega Paulo, excelente texto. Retratas a realidade do modo de governar dessa turma da direita e a não preocupação com o meio ambiente em detrimento do 'progresso ' para favorecer alguns. Tenho acompanhado essas duas cidades que citastes. É estarrecedor o poder dessa gente mesmo diante de toda a legislação e de ambientalistas na luta. Fico pensando, a quem recorrer?
Noemi de Araújo Bauer - 24/09/2023 17h57
Baita texto, Paulo! Conseguistes ilustrar numa síntese bem elaborada, as consequências geradas por péssimas administrações do poder público, do descaso de governantes para com o ambiente em que TODOS nós vivemos e habitamos. Sim, a começar por cada cidade. Os gestores, os prefeitos, governadores, cada qual têm sua parcela de responsabilidade. O resultado está aí - "cidades em chamas"... É preocupante! Não está apenas, é óbvio, nas mãos da presidência da nação. Já começa no momento que o eleitor decide seus governantes, que devem demostrar com ações concretas e efetivas a sua vontade política em prol de um meio ambiente com condições salubres de se viver. É o mínimo.
Roselaine Bitencorte Oliveira - 24/09/2023 11h35