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12/02/2023 13h49 - Atualizado em 12/02/2023 15h28
AS RUAS ESTÃO MAIS LEVES
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Paulo Schultz
Professor
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AS RUAS ESTÃO MAIS LEVES
Eles continuam por aí.
Iguais ou piores que antes, quando se sentiam empoderados.
O 8 de janeiro, ao invés de ser afirmativamente pedagógico, os tornou piores.
Continuam fazendo barulho e movimento nas redes, se alimentando de meias verdades, mentiras inteiras, expondo com orgulho sua imbecilidade, repicando teses e narrativas que os mentores do bolsonarismo (e da extrema direita de um modo amplo) produzem.
Mas, passado um mês e meio de 2023, uma coisa é sensivelmente percebida: sem a horda bolsonarista bradando, se manifestando e se exibindo pelos espaços públicos, as ruas estão mais leves e respiráveis.
Visualmente, quase que totalmente sumiram os adesivos e as bandeirinhas patriotas dos carros, e foram retiradas as bandeiras do Brasil expostas na frente das casas, sacadas e altos de prédios.
Claro, tem aqueles patriotas que agora desfilam orgulhosos com uma tornozeleira eletrônica, como se estivessem exibindo uma medalha ganha por participação em uma batalha heróica.
Mas estes são poucos.
De modo geral, as ruas se normalizaram.
Não que tenhamos entrado em estado de perfeição paradisíaca. Bem distante disso.
Mas, sejamos sinceros: sem aquela gente se exibindo e se manifestando patologicamente por entre os espaços públicos, o dia a dia e a circulação pelas cidades se tornaram mais leves.
Eita gente que incomodava.
Incomodar, agora, só pelas redes - mas aí tem a opção de ignorar, excluir.
O país precisava desse retorno gradual a um grau necessário de convivência e de civilidade.
Precisava que todos os ruídos e barulhos existentes nas ruas e espaços públicos voltassem a dominar o cenário, sem aqueles urros primitivos produzidos pela turma do "Deus, família, pátria e liberdade".
A gente sabe que a extrema direita, bolsonarista ou outra, está muito viva, pronta e ávida por enfrentamento.
Sabemos que, ao menor sinal de viabilidade e oportunidade, virão com força novamente.
Sabemos que seu método de comunicação contínuo é eficiente, e permanece operando 24 horas por dia, os 7 dias da semana.
É um mecanismo produtor e alimentador de fanáticos, fundamentalistas e gente com muito ódio e preconceito e pouco caráter.
De tudo isso, e mais outros fatores, a gente sabe.
Mas o fato é que, percebê-los quietos pelos espaços públicos, e sentir que a civilidade retorna, aos poucos, a dominar o cenário do país, provoca uma sensação boa.
A mesma sensação que se tem quando alguém se livra de algo que provocava perturbação e sofrimento...e que, passado algum tempo, esta pessoa olha para trás e pensa ..."que bom que isso tudo passou".
Ficaram por aí os farrapos de bandeiras do país, adesivos desbotados nos carros, restos de outdoors rasgados...restos do empoderamento fascista.
Mas, eu sempre disse que os dias voltariam a ter brilho, apesar de tanta barbaridade cometida.
Pois o brilho voltou.
E a leveza dos dias, apesar do já iniciado trabalho duro de reconstrução do país, é algo que não tem preço, de tão recompensador.
Desatamos o nó que asfixiava...agora é voltar a sorrir...
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Comentários
je4hb2
9euqxc - 22/02/2023 15h36