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27/08/2022 23h28 - Atualizado em 27/08/2022 23h48

A última bolachinha do pacote

Paulo Schultz Paulo Schultz
Professor
De fato, o cara tem uma facilidade enorme de comunicação.
 
O problema é que, para além da forma de comunicar e do conteúdo veiculado, a realidade se mostra quase sempre divergente ao que ele diz.
 
E aí, em função de o discurso ser um, e a realidade ser outra, se estabelece nele o carimbo de mentiroso.
 
Afirmações do tipo:
 
"Sou contrário à reeleição, e não vou concorrer de novo a governador em 2022".
 
"A Corsan continuará pública no meu governo".
 
"Quem mente, sabe que mente".
 
O jornalista Reinaldo Azevedo resumiu certeiro a divergência entre o que Leite fala e o que ele faz, em uma pergunta:
 "Quanto vale sua palavra, mesmo? "
 
Leite governou com foco e afinco os dois primeiros anos do seu mandato de governador.
 
Com foco e afinco em fazer reformas neoliberais duras, frise-se.
 
Torrou estatais por preço de alguns cachos de banana.
 
Fez reformas duras nas carreiras do funcionalismo público , sobretudo na aposentadoria destes.
 
A tal ponto envaidecido pelo que fez, que em um debate há poucos dias na TV Bandeirantes, Leite se vangloriou ao candidato a governador do Novo, que ele privatizou mais e mexeu mais fundo na previdência dos servidores públicos que o governador do Novo em Minas Gerais, Zema.
 
É o inusitado...ao invés de comemorar  políticas públicas de resgate de cidadania, etc....o cara comemora a redução do Estado e o maltrato a quem presta serviços diários à população gaúcha.
 
Mas Leite fez mais no período em que esteve focado em governar...
 
Ele foi como uma "mãe bondosa" para com os ruralistas gaúchos.
 
Conforme o próprio presidente da Farsul, Leite atendeu integralmente as reivindicações do agronegócio. 
 
Já no primeiro ano de governo,  promoveu uma reforma do Código Ambiental do Estado, alterando  480 itens da lei vigente - entre eles pontos polêmicos como o autolicenciamento, uma antiga demanda dos ruralistas.
 
Leite também promoveu a liberação de dezenas de agrotóxicos proibidos aqui e também em seus países de origem.
 
Foi o xodó da turma dos grandes empresários, que adoram ver o Estado diminuir seu tamanho, de forma a permitir que recursos públicos sejam carreados para abrir caminho para grandes negócios privados.
 
Frisando novamente: Leite foi  carrasco,  algoz do funcionalismo público, com projetos que alteraram para pior planos de carreira, como o do magistério estadual, suprimindo direitos e vantagens temporais.
 
Mexeu, repita-se, de forma drástica na  previdência do funcionalismo, fazendo com que aposentados tivessem redução mensal de salário, por conta de terem que voltar a contribuir para a previdência do Estado.
 
Segurou por 3 anos um congelamento de salários, que somado aos 4 anos de congelamento aplicado no governo do MDB de Sartori, totalizou 7 anos de congelamento e perda brutal de poder aquisitivo da grande maioria do funcionalismo estadual.
 
Forçou a mão e meteu pressa e pressão para privatizar a Corsan- e só não levou a termo, ainda, por conta da resistência política, das disputas judiciais,e, claro, da proximidade das eleições deste ano.
 
Leite teve a vantagem de não precisar pagar, em todo seu mandato, as parcelas mensais da dívida do Estado com a  União, fator que, junto com o aumento de arrecadação, e mais o arrocho salarial prá cima o funcionalismo, levou o Estado a ter superávit.
 
Nenhum mérito pessoal e de seu governo, portanto.
 
Mas  veio o terceiro ano do governo de Eduardo Leite, em 2021,  e aí, o foco mudou...
 
Leite passou  a dividir o tempo entre governar e circular pelo país em campanha interna no PSDB para vencer as prévias e ser o candidato a presidente do partido.
 
Virou o foco principal do garotão de ego enorme - "eu posso ser a figura que pode romper a polarização Lula x Bolsonaro".
 
Vou acelerar o tempo, e resumir que Leite perdeu as prévias para Dória no fim de novembro do ano passado.
 
Perdeu, mas não se conformou, e nem ficou parado.
 
Chegou a ensaiar ir para o PSD de Kassab, para lá ser candidato a  presidente. 
 
Não foi, porque sentiu que não teria apoio nem dentro do partido - já dividido entre os que estavam fechados no apoio a Lula, ou a Bolsonaro, ou em cima do muro, como bem convém a todo partido do centrão.
 
Ficando no PSDB, Leite tentou minar e melar a candidatura de Dória o quanto pode, tendo como fiel parceiro Aécio Neves, no intuito de puxar o tapete de Dória e ser ele, Leite, o candidato.
 
Uma falta de lealdade proporcional ao tamanho de seu ego e de sua vaidade.
 
Agiu firme nesse sentido até quando pode, esticando  a corda sempre.
 
Nesse meio tempo, renunciou ao cargo de governador do RS, para se dedicar integralmente a esse plano ambicioso  e vaidoso.
 
Furou o plano. 
 
Deu ruim, garotão.
 
E aí.... "surpresa"...
 
O cara contrário à reeleição, após não ter conseguido ganhar o que queria - uma candidatura a presidente -  retorna faceiro e diz que concorre novamente ao governo gaúcho, ao qual ele renunciou.
 
Quer dizer....
 
Leite trata o governo gaúcho como um refugo.
 
Uma opção menor, de consolação, já que não ganhou seu "presentão" - ser candidato a presidente.
 
Renunciou ao maior cargo, à maior honra que um gaúcho pode ter, de governar o seu chão, relegou isso  a uma importância menor que seu ego e vaidade.
 
Então, na cara dura, por não ter ganho o que queria, vem disputar o governo gaúcho como consolação, algo de menor grandeza.
 
O cara se acha a última bolachinha do pacote.
 
Vai colher o que plantou.
 
Relegou o governo gaúcho, pois vai ser relegado pela maioria da população gaúcha, no voto.
 
Te orienta, Eduardo.
 
Como diz o magro do Bonfa:  "não me faz te pegar nojo".

 

Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente a opinião do portal.

 

Comentários

Muito cruel para o povo gaúcho que tanto almeja e merece um governo que realmente represente os anseios de tudos. Parabéns amigo põe estas sábias colocações, levando a reflexão dos eleitores para o momento de exercer seu direito ao ao votona próximo eleição. Triste realidade!????

Terezinha da Rosa Maron - 28/08/2022 15h30

Muito cruel para o povo gaúcho que tanto almeja e merece um governo que realmente represente os anseios de tudos. Triste realidade!????

Terezinha da Rosa Maron - 28/08/2022 15h25

Triste realidade!????

Terezinha da Rosa Maron - 28/08/2022 15h23

 

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