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25/06/2022 18h27 - Atualizado em 25/06/2022 19h53
Um réquiem político para o mensageiro da morte
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Paulo Schultz
Professor
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Apesar dos movimentos de desespero, travestidos de medidas urgentes, como querer aumentar o valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 , dar uma bolsa caminhoneiro, e querer zerar o ICMS dos combustíveis, vamos ser claros... Bolsonaro perderá a eleição em outubro.
Salvo se não houver eleição....mas aí já entramos no campo dos delírios do capitão e seus fiéis escudeiros e seguidores.
No Brasil real, nesse final de mês de junho de 2022, faltando menos de 3 meses e meio para o 1o (e talvez único) turno da eleição presidencial, temos um quadro que vem se mantendo desde, pelo menos, a metade do ano passado, o qual vem se solidificando gradativamente : a derrota de Bolsonaro.
Então, o término de 2022 será o fim de uma experiência bizarra e bárbara que nunca deveria ter acontecido, a qual eu acreditei que não chegasse até onde chegou - ao final dos seus 4 anos de duração ( graças à glória sempre prestativa de São Centrão).
Nenhuma candidatura com algo em torno de 55% de rejeição, nenhum ocupante de cargo eletivo do qual mais de 50% da população dizem que nunca acreditam no que ele fala, nenhum candidato que não consegue chegar a 40% de intenção de votos num eventual segundo turno - absolutamente nenhum - tem condições políticas e matemáticas de vencer uma eleição.
É uma equação política e matemática que leva a um ponto final.
Óbvio que há que se considerar a possibilidade de se ter a máquina pública na mão, com volumosos recursos, uma estrutura enorme de comunicação e de produção de fake news e de incitação à violência, ao ódio e à imposição do medo.
Esses fatores, somados a outros, e considerando que a fase quente da campanha ainda está por vir, não fazem da disputa um jogo jogado.*
Esse período será vivido dia após dia, com todas as suas características peculiares, de violência e ódio de um lado, e de esperança do outro.
Mas acontece que a marca que está gravada na consciência da maioria da população brasileira é de que o capitão Messias é incapaz e extremamente culpado pelo quadro de ruína econômica e social em que o país se encontra.
E essa marca não sai após ser solidificada.
Dadas estas circunstâncias, teremos então um resultado que já se anuncia como sabido desde agora.
E se já o vislumbramos, devemos pensar no depois.
Há contas a serem acertadas, judicialmente, pelo capitão e seus comandados por conta de um número enorme de maldades e irregularidades.
Mas há que se ter também a humanidade que o mensageiro da morte não costuma ter.
Façamos então um réquiem.
Um réquiem político para o mensageiro da morte, devidamente acompanhado e sentido pelos seus seguidores, todos empunhando bandeiras e usando bandanas e camisetas de um patriotismo vazio, doente e egoísta.
Nada de revanchismo.
Nem violência.
Apenas um réquiem.
Curto. Finito.
Haverá muito trabalho de reconstrução depois.
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Comentários
Excelente texto, Paulo!
Para o momento é o que convém. E muita água suja ainda tem pra rolar.
O cenário está cada vez mais caótico para essa cambada do mensageiro da morte, como tu bem defines.
E dá-lhes o descanso eterno, que a morte é certa!
Rose Bitencourt - 26/06/2022 17h49
Parabéns, professor Paulo! Sempre nos brindando com suas reflexões ultra pertinentes e essenciais para uma leitura da cena política atual. Teremos muito o que fazer para reconstruir as perdas e danos que sofremos nesse período todo...
Marina Bitencorte Oliveira - 26/06/2022 17h27
Eleitoralmente estaria praticamente resolvido. Mas a realidade anda muito distópica. Resta a eles toda sorte de golpismo. Fascistas são raivosos até a morte. E nós estamos bastante dividido ainda.
Magnus Langbecker - 26/06/2022 14h23
Nosso grande Che,dizia,endurecer sim,mas perder ternura jamais.Precisamos com certeza ter a coragem que outros países da América tiveram em julgar os crimes contra as pessoas sem perder a justiça.
HeLena Lazzaretti do Nascimento - 25/06/2022 21h34