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12/03/2022 19h35 - Atualizado em 12/03/2022 20h48

Eleição de Sangue

Paulo Schultz Paulo Schultz
Professor

Milicianos, jagunços, pistoleiros, grileiros, garimpeiros ilegais, e mais centenas de milhares de "cidadãos de bem", do campo e da cidade - todos armados e com munição.

 

Esse é um flanco da linha de frente de Bolsonaro para disputar as eleições presidenciais deste ano.

 

Prontos e ávidos para o combate eleitoral, para manter o seu mito no poder, e todos os benefícios governamentais que este lhes dá, especialmente o passe livre para destruir, matar, explorar e enriquecer.

 

Esta será a eleição mais sangrenta da história republicana do Brasil.

 

Creiam e gravem esta afirmação.

 

Bolsonaro armou e permitiu munição a centenas de milhares e, quem sabe, milhões de seguidores e adoradores seus e de suas ideias.

 

Gente que pode matar com frieza e sem remorso, e gente que pode matar sem frieza - e algum pouco de remorso.

 

Derrotar Bolsonaro nas urnas implicará em uma tarefa árdua e de enfrentamento que custará aos militantes de esquerda, aos ativistas sociais, aos democratas, muitos feridos e muitas vidas pelo país afora.

 

 Um destaque para as regiões Norte e Centro-oeste.

 

Lá, grilagem, garimpo ilegal, latifúndios invadindo áreas protegidas e áreas indígenas darão o tom nessas regiões - armas acima de tudo, sangue espirrando em todos.

 

Exagero ou devaneio?

 

Absolutamente não.

 

De maio de 2019 a agosto de 2021, decretos de Bolsonaro liberaram o acesso a pelo menos 45 mil armas pesadas no Brasil, armas que, até então, eram de uso restrito. 

 

Fuzis semiautomáticos exclusivos de exércitos, rifles de precisão e pistolas de calibre pesado foram compradas por civis com base nas resoluções editadas.

 

Bolsonaro conseguiu driblar o Estatuto do Desarmamento e alimentou os chamados  CACs (Caçadores, atiradores e colecionadores registrados).

 

Hoje, atiradores têm permissão para compra de 30 armas permitidas e outras 30 restritas; caçadores, 15 permitidas e outras 15 restritas; e, no caso dos colecionadores, um número quase infinito de aquisições, a partir de cinco armas para cada modelo e cada marca existente.

 

Em agosto de 2021, o arsenal de armamentos registrados pelos atiradores, colecionadores e caçadores era de 694.118 armas.

 

Um número com potencial de se tornar um exército paramilitar.

 

A devastação da floresta amazônica em 2021 foi 29% maior que no ano anterior. 

 

De janeiro a dezembro, foram destruídos 10.362 km² de mata nativa, o que equivale a metade do estado de Sergipe.

 

Garimpeiros ilegais,  altamente armados, têm invadido terras indígenas, causando expulsões, assassinatos e destruição ambiental.

 

Latifúndios invadindo milhares de hectares de terras indígenas no Mato Grosso, principalmente para plantar soja.

 

O fogo no Brasil está sendo usado como arma para o avanço da grilagem de terras e a expulsão de comunidades de seus territórios, provocando, além da violência,  impactos ambientais, como seca e desmatamento.

 

Toda essa gente, e mais os milhares de bolsonaristas "cidadãos de bem" formam uma força paramilitar bárbara, insana e sanguinária.

 

Não será fácil.

 

Não será pacífico.

 

Não será dentro dos limites de uma disputa eleitoral civilizada.

 

Por conta dessa gente toda, de seus interesses, de sua cobiça, de sua violência, de sua insanidade, e de sua ignorância odiosa.

 

Mesmo assim, contra tudo isto, e mais o poder econômico, e mais o poder do uso da máquina pública, a luta é necessária.

 

É preciso pôr um fim no bizarro e destrutivo projeto anarcocapitalista de Bolsonaro - uma terra sem lei, onde armas e poder econômico estabelecem as regras, sem nenhuma intervenção, mediação ou proteção do Estado.

 

É a eleição da vida republicana do Brasil.

 

Uma eleição sanguínea.

 

Uma eleição de sangue.

 

 

Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente a opinião do portal.

 

Comentários

Quem não pode se reeleger é o lula, o semideus macunaímico, mentiroso, preguiçoso e traiçoeiro. Como disse Yuri Bezmenov, somente quando vocês levarem um belo pontapé do próprio lula é que deixarão de ser fanáticos convertidos. Até então, nada os fará ver que lula é o maior patife que já pisou no planalto. Nem mostrando todas as provas e todas as mentiras vocês acreditam. São os idiotas úteis ao partido. Quando deixarem de ser úteis serão escanteados.

Joca - 21/03/2022 22h56

Bolsonaro não pode se reeleger! Viemos em perigo. A emergência do fascismo com Bolsonaro é um horror. O fascismo cresce com Bolsonaro. Precisamos interromper essa história. É pela democracia que nossas vozes e lutas devem tomar as ruas, os lares, as escolas, as empresas...Nosso país corte risco mais uma vez...a história nos mostra isso.

NEUSETE MACHADO RIGO - 13/03/2022 14h40

Que bom seria se o texto fosse um mero devaneio. Porém o que se observa é um crescente negacionismo raivoso e desrespeitoso ao diferente com comportamentos de agressividade extrema. Precisamos nos precaver e não descambarmos também para o obscurantismo. Valeu professor Paulo!

Terezinha L Krolikowski - 13/03/2022 13h00

Assustador só de pensar, ainda mais relatado com detalhes. Chegamos ao ponto de inflexão, ou voltamos à civilidade, ou caímos no abismo.

Adalberto Paulo Klock - 13/03/2022 10h44

Com certeza,ele criou uma milícia armada é odiosa,para defende-lo,não sei até quando a justiça e o vai continuarão permitindo tais desmandos

Helena - 13/03/2022 10h20

Com certeza não será uma disputa eleitoral dentro dos limites da civilidade. Os bolsonaristas, os ditos cidadãos de bem, virão e já estão com sangue nos zóio, Paulo. Parabéns pelo texto muito lúcido e pelos dados que apresentastes. Em meio à tanta insanidade, teremos que regular os ânimos e partir pro enfrentamento. Que possamos sobreviver ao embate e assim vislumbramos um novo rumo na história desse país que está destroçado.

Roselaine Bitencorte Oliveira - 12/03/2022 21h51

 

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