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30/07/2022 21h30 - Atualizado em 30/07/2022 21h46

Porque eu tenho um lado, e por ele eu sigo

Paulo Schultz Paulo Schultz
Professor
Estudava  em uma escola particular, onde, naturalmente, somente os filhos da elite e da classe média  podiam estar.
 
Mas havia, então, as bolsas de estudo.
 
E estas poucas permitiam que alguns poucos filhos de trabalhadores de baixa renda pudessem ali estudar, a um custo mais baixo.
 
Lembro de ter um colega (não vou nominar, obviamente), filho de trabalhador, humilde, negro.
 
Lembro como era ignorado, olhado com preconceito, e, por vezes, maltratado verbalmente.
 
Era tímido, quieto, franzino.
 
Eu era um dos poucos com quem ele conversava.
 
Na época,  não tinha um mínimo conhecimento do que era preconceito de classe, de cor.
 
Mas aquela condição  me marcou.
 
Me incomodava.
 
Quando eu vi, na balança da fruteira de um supermercado, na minha frente, um "doutor" atirar as frutas ensacadas para o funcionário pesar, e ignorar o "bom dia" dito por este funcionário, eu vi que eu tinha um lado.
 
Quando eu vi, na minha frente, no caixa do supermercado, a madame ignorar o "boa tarde" da operadora do caixa, e sequer lhe dirigir o olhar, esnobando uma pretensa superioridade,  eu vi que eu tinha um lado.
 
Quando, na rua, eu vi uma família indígena ser olhada com cara de nojo, quando tentava vender seus artefatos para juntar uns trocados, eu vi que eu tinha um lado.
 
Quando eu vejo pessoas pedindo ajuda, circulando entre os carros parados, no escasso tempo do semáforo fechado, e sequer sendo olhados pela maioria dos que estão dentro dos carros, eu vejo que tenho um lado.
 
Quando vejo uma postagem asquerosa e odienta, chamando sem teto de vagabundos ou marginais, eu vejo que tenho um lado.
 
Quando eu vejo supermercado vendendo pele de frango e bandeja de osso, a preço de quilo, para explorar quem está no desespero da fome e  da carestia, eu vejo que tenho um lado.
 
Quando vejo que um prefeito vibra por asfaltar uma rua da periferia, não porque isso beneficia os moradores, mas sim porque seu "parça" empreiteiro ganhou bastante com a obra, eu vejo que tenho um lado.
 
Quando vejo um governador, vaidoso, egoísta, traiçoeiro, torrar o patrimônio público por preço vil, e se orgulhar disso como um grande feito, eu vejo que tenho um lado.
 
Quando vejo um presidente e sua base ordinária de apoio manobrar uma PEC para dar migalhas até o fim do ano para um povo sofrido e necessitado, achando que esse povo é gado e idiota, eu vejo que tenho um lado.
 
 O lado da solidariedade, da dignidade, de quem não acha natural a miséria e o sofrimento causado pela ausência e a falta.
 
De quem não acha aceitável o acúmulo indecente de poucos.
 
De quem não compactua com o patrimonialismo egoísta e o preconceito de classe, de raça, ou qualquer outro.
 
De quem não concebe que o patrimônio público, sobretudo em áreas essenciais, seja privatizado em benefício do mercado, de corporações, e em prejuízo da imensa maioria que precisa do setor público.
 
É o lado de quem quer uma democracia participativa, construtora de uma cidadania que faça superar o estágio do básico para viver, e estabeleça um patamar mais elevado de existência.
 
 Essa concepção tem um encontro marcado, logo ali na frente,  com a redenção do país, e com a reorientação do estado gaúcho.
 
Lutaremos por essa vitória.
 
Passo a passo ..caminho que se anda...na mesma direção....do lado certo....cada um dos dias até outubro.
 
Para a esquerda e avante.

 

Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente a opinião do portal.

 

Comentários

Ao lado da solidariedade,vida dignidade e da justiça social!

Sueli Löw Lopes Copetti - 31/07/2022 15h07

... "O lado da solidariedade, da dignidade, de quem não acha natural a miséria e o sofrimento causado pela ausência e a falta."... Eu tenho lado, e vou luta por ele: Para a esquerda e avante!! Parabéns Paulinho, certeiro, como sempre!!

Mara Costa - 30/07/2022 21h44

 

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