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19/08/2021 18h27 - Atualizado em 19/08/2021 20h57

Pôs óia chê, vai vender da casa da mãe!

Paulo Schultz Paulo Schultz
Professor
Desde o infame governo Britto (1995-1998), do MDB, criou-se uma espécie de trauma no Rio Grande do Sul: a cada eleição para o governo  do Estado, parte significativa da sociedade gaúcha coloca, quase que em forma de súplica, que os candidatos que disputam a eleição pelo  bloco de centro direita (MDB, PSDB, e adjacentes) se comprometam a não torrar o patrimônio público, não vender empresas públicas essenciais para a sociedade gaúcha.
 
É como uma espécie de pedido zeloso e temeroso de que, em sendo vitorioso, o (a) candidato (a), se comprometa, antecipadamente, a não repetir o que foi feito durante o governo Britto - vender, torrar, privatizar.
 
Foi assim com todos, até chegar no atual governo, do PSDB de Eduardo Leite.
 
Para aliviar o trauma, e obviamente proteger empresas públicas gaúchas, criou-se uma lei - agora revogada - que previa plebiscito em caso de intenção de venda de estatais, como o Banrisul e a Corsan.
 
Era a última barreira, digamos assim, que o conjunto da sociedade gaúcha tinha para se proteger e proteger o essencial patrimônio público  gaúcho.
 
Derrubada esta barreira, governos  do bloco de centro-direita, que tem se revezado no poder no estado desde 1995,  com apenas duas interrupções (governos Olívio e Tarso, do PT), tem agora o campo aberto para tentarem promover aquilo que lhes faz "virar o zóinho" de satisfação: privatizar, vender.
 
Basta querer, ter maioria na Assembleia Legislativa, que agora vai.
 
Bem, retirada a consulta via plebiscito, que daria, ou não, a autorização para privatizar, vem então a pergunta, básica: vai vender,  privatizar empresas estatais gaúchas estratégicas, com consentimento de quem ?
 
Apenas da maioria do bloco de centro-direita constituída na Assembleia ?
 
Algo em torno de 40 pessoas (parlamentares da base governista), somente, vão autorizar o governo a fazer o que bem quiser de empresas sólidas, lucrativas e necessárias para a  sociedade gaúcha ?
 
Espera aí ! 
 
Tem uma coisa básica absolutamente errada nesse negócio !
 
O patrimônio é público, e de todos portanto.
 
Não pode ser só pela ávida vontade do governo e de seu bloco parlamentar de centro direita que se decida torrá-lo  - simples assim !
 
Se a vontade de vender é tão grande, não queira vender o que não é propriedade sua.
 
Vai vender a casa da mãe !
 
Creio  que todos do governo e  do bloco parlamentar de centro-direita devam ter uma mãe, e esta deva morar em algum lugar.
 
Pois que vendam a casa da velha!
 
A maioria da sociedade gaúcha não passou  recibo assinado em branco quando elegeu este governo, e esta maioria parlamentar de centro-direita.
 
Da maneira como tudo vem sendo articulado - com pressa e patrolando - querem privatizar a água dos gaúchos.
 
A Corsan,  gaúchos e gaúchas, está por um fio de pouco tempo, de ser privatizada de forma vil, sob argumentos que não param em pé, igual saco plástico vazio.
 
E tem outras na mira - Banrisul, PROCERGS.....
 
Tudo sendo feito a toque de caixa, literalmente passando a boiada aproveitando o período da pandemia.
 
A grande maioria da sociedade gaúcha desconhece o que está acontecendo.
 
O foco das atenções é outro - pandemia, governo Bolsonaro, CPI, etc..
 
E aí tudo fica bem fácil para esse blocão ( governo e maioria parlamentar) fazer o que mais gosta: atirar empresas lucrativas nos braços do mercado privado.
 
Tenho acompanhado o esforço gigantesco de uma minoria, que luta contra o tempo para evitar que isso seja consumado.
 
Alertando,  de forma urgente, o que está prestes a acontecer, e que vai ter impacto negativo direto na vida de milhões e milhões de gaúchos de agora, e de gerações futuras.
 
É inaceitável que o que é essencial para milhões de pessoas seja decidido apenas por um governo e sua base parlamentar de 40 pessoas.
 
Simples assim.
 
Como disse acima, se a vontade de vender é tão grande, vão vender a casa da mãe.
 
Não o que não lhes pertence como propriedade particular.
 
E, caso consumarem a(s) venda (s), tenham claro que há um preço político embutido no que se faz.

 

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Comentários

O povo não tem noção do que foi conseguir ÁGUA NA TORNEIRA. poucos sabem ou viveram quando a água era puxada do poço e o banho era água colocada no latão. Infelizmente onde não der lucro estanão história vai voltar. Enquanto isso. Alguns vão faturar.

Terezinha L Krolikowski - 21/08/2021 19h04

O povo não tem noção do que foi conseguir ÁGUA NA TORNEIRA. poucos sabem ou viveram quando a água era puxada do poço e o banho era água colocada no latão. Infelizmente onde não der lucro esta história vai voltar. Enquanto isso. Alguns vão faturar.

Terezinha L Krolikowski - 21/08/2021 19h03

É inacreditável que esse ataque ocorra sob o olhar de toda a população e pouca gente se dê conta da tragédia e da atrocidade que os governos privatistas fazem. Quando acordarem, será tarde demais. Não teremos mais patrimônio público e estaremos à mercê da ganância do mercado, sem nenhuma proteção. Acaba os direitos e acaba o patrimônio público. O resultado é terra arrasada, gente sofrida, passando fome, falta de empregos, dívida, e tudo de pior que assola um povo que não é dono das suas riquezas. É triste demais!

Mara Rosana Rosa - 21/08/2021 13h29

Empresas de utilidade pública nunca deveriam passar pra iniciativa privada, pior ainda as vendem a preço de banana. Trabalhei na implantação do Projeto Carajás no Pará quando o governo gastou os tubos levando rodovia, ferrovia, aeroporto, ampliação do porto em São Luiz, escola, hospital, todo parque industrial, pra depois ser todo complexo vendido . Era chamado Companhia Vale do Rio Doce, agora, Vale que explora, destrói, desabriga, mata. E agora José??? Abraços

CARLOS MAGNO DA ROCHA - 20/08/2021 10h21

Verdade, Paulo! E se não bastasse vender nosso patrimônio público, ainda vendem a preço de banana. Alguém fica muito feliz, alguém ganha com isso! Mas há quem perde, e já sabemos que é o povo, que perde direitos e à cada dia fica mais pobre! É isso que a direita sabe fazer muito bem!

NEUSETE MACHADO RIGO - 20/08/2021 07h46

Grande assertiva, Paulo! Sempre digo, que governo que privatiza é governo incompetente, pois reconhece de ofício que não tem capacidade alguma de gerir a coisa pública. Que é de todos. E quer ser presidente, né?! Já era!!!

Paulo Schmidt - 20/08/2021 04h54

 

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