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11/07/2021 17h06 - Atualizado em 11/07/2021 17h15
Onde foi que erramos ?
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Paulo Schultz
Professor
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Para deixar acontecer uma circunstância que levou uma criatura torta, tosca, bizarra e perigosa como Bolsonaro a ocupar o cargo de presidente?
Para ter que, ainda hoje, em 2021, escutar /ler/assistir algum militar bobalhão querer roncar grosso e ameaçar democracia e instituições, caso vontades e posturas de membros das Forças Armadas sejam questionadas, ou contrariadas ?
Para ver o governo federal ter milhares de militares ocupando cargos de confiança, numa intensidade maior do que na ditadura militar?
Para ver uma massa de gente agir como descerebrados, idolatrar um imbecil rotulado como mito, sentir orgulho de ser ignorante, não ter nenhum senso do ridículo, e defender ideias e posições inacreditavelmente muares, se vangloriando assim nas ruas e redes sociais?
Para ver o estado do Rio Grande do Sul ser governado em sequência por um bloco de partidos de centro e de direita liberal, e que, invariavelmente prioriza torrar a preço vil empresas públicas estratégicas para a população gaúcha, como se delas fossem donos ?
E, pior, ver a pasmaceira inerte da grande maioria da população, assistindo isso sem reação?
Para ter na Assembléia Legislativa gaúcha uma quantidade enorme de cabeças de bagre ocupando cadeiras como deputados ?
Para ter, na Câmara dos Deputados, crescentes levas eleitas de bancadas da bala, do boi, da PQP, menos as que mais deveriam importar para a maioria dos brasileiros ?
Para ver que, após ter saído do mapa mundial da fome, o Brasil ter hoje mais da metade da população em situação de insegurança alimentar ( de leve a extrema) ?
Para pagar mais de R$ 6,00 ( até chegar a R$ 7,00) por um litro de gasolina, sendo o Brasil autossuficiente em petróleo ?
Para assistir o governo federal tentar, de forma prioritária, liquidar empresas públicas estratégicas e fundamentais para o desenvolvimento e a soberania do país ?
E ver a grande maioria da população alheia a isso, sendo ela a que mais precisa de políticas públicas e de um estado indutor, devido sua fragilidade social ?
Por não conseguir formar uma consciência individual e coletiva mínima no país, de que tem coisas que não se deve aceitar (sob alegação alguma) , e que tem limites de tolerância e dignidade os quais não são "negociáveis", sob pena de continuar penando por insistir nos mesmos erros.
Há uma lógica a ser invertida.
E ao invertê-la, teremos a clareza de afirmar onde é que acertamos, e por onde vamos, enquanto pessoas, enquanto país.
Errar é humano, insistir no erro é burrice, e sofrimento desnecessário.
Vida que segue, de preferência, acertando.
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Comentários
Já me perguntei tantas vezes sobre isso! E o que mais chama a atenção, ainda,é a quantidade de gente que continua apoiando essas barbaridades! E, parece-me, ainda tem muito caminho pela frente! As reações estão lentas para o tamanho do problema, que é de dimensões continentais!
Mara Rosana Rosa - 16/07/2021 10h25
Erramos todos.
A esquerda por não tomar o povo que as melhorias eram frutos de um projeto político, permitindo a direita mentir que se tratava de meritocracia individual do brasileiro.
Mas, a maior de todas as lições que aprendemos é que nosso povo efetivamente não tem princípios básicos de civilidade, somos retrógrados, absurdamente conservadores e com baixíssima formação cultural.
Adalberto Paulo klock - 13/07/2021 08h52
Pagamos o preço por não informar que as mudanças da era PT não foram só porque o governo tinha obrigação de fazer, mas porque houve vontade política, tinha um projeto que priorizava essas questões sociais. Lembro que alguns amigos, à época diziam que o governo não estava fazendo mais do que obrigação. Esse foi nosso erro! Erramos também ao não trazer a tona a história da Ditadura e suas ações de tortura. Deixamos um candidato elogiar torturador em plena "casa do povo". A justiça não se posicionou, foi deixando! Hoje, pagamos um preço alto por isso: mais de meio milhão de vidas! E o governo? Ah, juntando uma turma e fazendo passeios motociclísticos por aí...
Mara Rosana Rosa - 11/07/2021 22h34
Primeiro em não levar a julgamento os envolvidos no golpe nas atrocidades do regime militar,somos um dos poucos países que naohouve julgamento a está gente.Segundo confiarmos na centro direita e buscar o caminho mais curto ao invés de continuarmos com a organização dos movimentos sociais que tínhamos numa crescente e com povo organizado e na rua,fazermos as reformas que tanto o nosso país precisa para melhorar a distribuição de terras e renda e a democratização dos meios de comunicação e por fim a falta de conscientização da geração que aí está, nós lutamos para conseguir os direitos que eles não fizeram nada para manter
Helena - 11/07/2021 18h20