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10/03/2021 19h59 - Atualizado em 10/03/2021 20h03

Chupa que a cana é doce

Paulo Schultz Paulo Schultz
Professor
O fato da semana - a anulação das condenações do ex-presidente Lula - sacode todo o cenário do país.
 
Primeiramente na política,  mas também nos humores econômicos e nas perspectivas futuras.
 
Provoca uma efervescência no PT e na esquerda como um todo.
 
Chacoalha toda a direita liberal, do PSDB a outros coadjuvantes.
 
E faz grelar o olho de Bolsonaro e sua trupe de lunáticos e fardados.
 
Quanto poder de modificação em uma pessoa só,  naquilo que ela representa, por conta da liberação de seus direitos políticos.
 
E aqui é preciso colocar alguns pontos em claro.
 
Não é verdade que Bolsonaro ache uma maravilha ter que enfrentar Lula.
 
Em contraste com Lula,  Bolsonaro volta a ser um pequeno ratinho feio da última gaveta do baixo clero da política.
 
Bolsonaro sabe que não tem porte político que chegue perto de Lula.
 
Nem mesmo sendo presidente, porque isso não o torna melhor do que a criatura tosca e transtornada que sempre foi.
 
Alguns militares, sobretudo do exército, alguns já de pijama outros com a farda em uso, se alvoroçam em lançar opiniões ou notas, com rompantes de quem anuncia e ameaça rupturas institucionais.
 
Ora,  em primeiro lugar a gente precisa questionar o exército neste formato que o nosso tem.
 
Em segundo lugar, já passou da hora da sociedade civil dar um chega para lá nessa história de militar se achar xerife do país.
 
E dizer o que pode e o que não pode, o que aceita e o que não aceita,  e ficar ameaçando com rupturas.
 
Outra parte do alvoroço vem de parte da grande mídia do país, que sempre odiou  Lula, o projeto político do PT, e tudo que ele representa.
 
Bate de frente com seus interesses liberais e capitalistas, e também interesses de classe, o que envolve preconceito e desejo de manutenção de privilégios seculares.
 
Há também uma óbvia onda se levantando nas redes sociais.
 
Envolvendo a horda bolsonarista...com aquela  sua já costumeira truculência e burrice...que se expressa naqueles mesmos argumentos que são construídos não utilizando mais do que dois neurônios.
 
Existe chão até 2022.
 
Existe um cenário de pandemia no qual o país vem sendo, nos últimos dias, o país que registra maior número de casos diários no mundo.
 
As mortes estão chegando perto da casa de 2000 por dia, o sistema de saúde, tanto público, quanto privado,  está à beira do colapso.
 
Há também um cenário de desemprego, de informalidade,  de miséria crescente.
 
Há um quadro econômico medonho, com o qual o governo federal simplesmente não sabe o que fazer com ele.
 
Nesse cenário, a volta dos direitos políticos de Lula e a possibilidade de que ele participe da disputa em 2022 mexe profundamente.
 
E aqui a questão não é gostar ou não gostar do Lula, amá-lo  ou odiá-lo...
 
 A questão é a percepção do peso político e social que ele tem.
 
Os atores que descrevi acima tem vários motivos para se preocupar com isso.
 
Podem, e vão  mostrar reações maiores ou menores.
 
Mas o fato concreto é que abre-se outro cenário no horizonte do país.
 
E se essa  gente toda não gostar, ou quiser ameaçar ou  rosnar.. bom a única coisa que se pode dizer, com firmeza, para cada um deles é:
 
Chupa que a cana é doce !
 
Senta no banquinho, com paciência, e chupa que a cana é doce.
 
E vamos para a vida, vamos para dentro do país,  pois há uma situação bizarra, insana de não-governo, que é prejudicial e precisa ser enfrentada.
 
Ao trabalho.
 
 E bom apetite para quem vai sentar no banquinho para chupar cana e ter que digerir que as coisas mudaram, por conta de uma alteração nos direitos de uma única pessoa.

 

Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente a opinião do portal.

 

Comentários

MUITO BOM o texto professor Paulo! Chega amargor para o.povo. O retorno da fome precisa ser estancado e reparada a condição de vida digna do povo brasileiro. Não será fácil reconstruir nosso Brasil, nas já podemos ver uma estrela no fim do túnel.

Terezinha L KROLIKOWSKI - 14/03/2021 10h23

"Chupa que a cana é doce!" Não sei o porquê de tanta ojeriza por conta de uma "reparação" jurídica. Talvez porque de fato nunca foram a favor da ordem constitucional, jurídica e democrática. Eles diziam: " Aceita que dói menos". Devolvemos o trocadilho com cana-de-açucar. É mais doce e prazeroso. O ódio destilado contra Lula é um ódio de classe. É contra toda a classe trabalhadora. Uns odeiam o próprio fato de ser trabalhador. Outros porque não toleram ver um filho de pobre num banco de Universidade ou na condução política do país. Aliás, o maior crime do Lula foi subverter a "ordem" estabelecida e insculpida na bandeira: Ordem Burguesa e Progresso das Elites. Abraço, Paulinho! Muito bom artigo.

Paulo Schmidt - 11/03/2021 11h57

As palavras estão colocadas de forma perfeita no texto. O conteúdo está excelente! Vamos pra cima dessa gente insana que tomou o país, bandidos que se dizem cristãos! #ForaBolsonaro #Moronacadeia

Rozane Dalsasso - 11/03/2021 08h39

Parabéns Paulo! Belíssimo texto! Com esse fato, o rato de esgoto que estava tranquilo em seus aposentos, destrava o queixo e sai de sua toca aconchegante, e espuma um pouco mais os cantos da boca, muda até seu discurso.

Nilza Zimmermann - 11/03/2021 08h27

Como sempre, magnífico! Sei que eles tão chupando essa cana, Paulo, mas tão espumando de raiva kkk.

Rose Bitencourt - 10/03/2021 20h41

Parabéns pela interpretação. Grande Paulo.

Orlando Desconsi - 10/03/2021 20h26

 

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