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20/11/2021 18h15 - Atualizado em 20/11/2021 19h14

Anatomia e trajetória de um patife

Paulo Schultz Paulo Schultz
Professor
Para começar, o cara tem uma voz horrorosa - não é à toa que recebeu o apelido de marreco.
 
Uma figura que não olha nos olhos das pessoas quando está conversando, e desvia o olhar para baixo e para os lados quando tem que dar uma resposta que exige sinceridade.
 
Possui um senso de justiça seletiva, demonstrado várias vezes, não só durante a operação lava-jato, como depois quando já era ministro de Bolsonaro.
 
Sim, porque durante a operação lava jato várias figuras políticas do PSDB foram pegas envolvidas em irregularidades, e nenhuma delas sofreu qualquer indício de punição por parte do então juiz.
 
Uma pessoa que tem uma dificuldade extrema de comunicar suas ideias, e que comete erros de português básicos que não caberiam a alguém na posição de magistrado.
 
Quem não lembra da sua famosa "conje".
 
Tornou-se um herói da elite e de parte majoritária da classe média brasileira.
 
Esta última ansiosa por idolatrar heróis que pensem como eles e façam o que eles querem.
 
Ainda mais se compactuar com a mesma visão maniqueísta de mundo e da coisa pública - dividido simploriamente entre aqueles que roubam e aqueles que não roubam.
 
Mas, não se engane - era e é uma indignação seletiva, assim como seletiva era a ação do então juiz.
 
O seu campo de heroísmo - a operação lava jato, criada para supostamente combater a corrupção nos órgãos públicos, apresentou os seguintes resultados, conforme um estudo realizado pelo Dieese.....
 
- perda de 4,44 milhões de empregos de 2014 a 2017;
 
-  perda de investimentos no país, superior a R$ 172 bilhões, principalmente da Petrobras;
 
- no mesmo período, a economia encolheu o equivalente a 3,6% do PIB;
 
- o país deixou de arrecadar R$ 47,4 bilhões de impostos e R$ 20,3 bilhões em contribuição sobre a folha, além de ter reduzido a massa salarial do país em R$ 85,8 bilhões.
 
Ou seja, a operação que tornou o ex-juiz Sérgio Moro herói da elite e parte da classe média causou estragos imensos à economia brasileira, e levou à ruína diversas empresas genuinamente nacionais, além de arrasar com toda a cadeia de produção e fornecimento constituída ao longo de décadas de duro trabalho no país e no exterior.
 
Para além desses números horrendos, Moro fez seu principal serviço: num processo crivado de parcialidade e nenhuma prova, Moro condenou e prendeu Lula, e o tirou da disputa presidencial de 2018.
 
Ou seja: tirou o favorito da disputa, e deu a condição ideal para o capitão Messias.
 
Moro é o responsável por termos Bolsonaro como presidente, e toda essa desgraça que temos vivido no país desde 2019.
 
Como prêmio, virou Ministro da Justiça de Bolsonaro.
 
Sonhava alto - queria ser ministro do STF.
 
Pulou fora do governo mais adiante, mas não abandonou o seu projeto pessoal de poder, movido por um ego altamente inflado.
 
Se retirou por um tempo do país.
 
Mas voltou para se filiar ao pequeno Podemos, e se colocar na condição de pré-candidato a presidente.
 
Para tentar ser a famosa terceira via, que a elite e uma parte considerável da classe média querem.
 
Um candidato de direita, liberal, polido e desejado, para que eles possam chamar de seu.
 
Já de saída, Moro recebeu tratamento especial da Rede Globo, dando entrevista a Pedro Bial.
 
Piscou como nunca,  e mentiu como sempre.
 
Moro é um patife. 
 
Um patife dissimulado.
 
Se de fato vier para a disputa, terá posta mais às claras essa sua condição - a de um patife, um mau caráter dissimulado de olhar escorregadio e voz de taquara rachada.
 
Por ter sido considerado juiz parcial e suspeito pelo STF, e por ter sido hostilizado pela horda bolsonarista ao romper com Bolsonaro, Moro possui uma rejeição enorme, somente menor que a do capitão Messias.
 
Mas isso não é uma barreira de todo intransponível - talvez.
 
Ele vai tentar - talvez não até o fim, mas até onde puder medir se o seu nome vende ou não vende.
 
Seu projeto e seu discurso - é o quê mesmo?
 
Combate à corrupção?
 
Com ele não cola.
 
De resto, é tão vazio quanto a última biografia que afirma gostar de ler, mas não lembra qual a última que leu.
 
Sim, os patifes são assim.
 
Cheios de ego, e vazios daquilo que importa - pelo menos para a maioria do país.
 
Venha para a disputa, Moro.
 
No chão que você quer pisar, há milhões calejados que conhecem o terreno muito melhor que você.
 
Mas isso é algo que você vai ter que aprender na prática.

 

Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente a opinião do portal.

 

Comentários

Descrição perfeita Paulo. Acredito que ele não está com a bola cheia você.o ele pensa.

Noemi de Araújo Bauer - 22/11/2021 19h52

Considere o meu apoio a este desabafo professor Paulo. O cara não esteve no estrangeiro buscando aprender algo a mais para aplicar aqui no Brasil?

Terezinha - 20/11/2021 21h43

Verdade, Paulo! Um patife dissimulado!!

NEUSETE MACHADO RIGO - 20/11/2021 20h37

 

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