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29/09/2020 12h39 - Atualizado em 29/09/2020 12h59

O sorriso da liberdade

Paulo Schultz Paulo Schultz
Professor
O que se quer, o que se espera dos próximos governos locais, é que estes possam dar conta de serem sensíveis e prioritariamente voltados para atender a população que mais precisa, ou  vai precisar, de políticas públicas que garantam cidadania, dignidade e inclusão.
 
E estabeleça, com essa população, uma relação de igualdade libertária.
 
Está começando o período eleitoral, oficialmente.
 
Disputas locais. 
 
É a rua, a vila, a escola, o posto de saúde, o desenvolvimento econômico do município.
 
Mas é também o espaço onde, para além da dignidade básica, deve-se pautar mais duas coisas: a forma como essa dignidade é obtida e a elevação do nível de consciência política e social.
 
Por forma de de obter dignidade, me refiro especificamente às limitações  da democracia representiva.
 
Ou seja: aquela em que o cidadão vota e delega poderes, sem que haja participação ou acompanhamento do que é decidido e feito pelo governo eleito.
 
Neste enquadramento, qualquer política pública que resulte em obtenção de dignidade se coloca como uma espécie de privilégio ou favorecimento que o governo vigente estende às pessoas beneficiadas.
 
É uma relação não-cidadã e vertical: o governante e seu governo se relacionam com a população se colocando em uma posição de superioridade em relação a ela. 
E as políticas públicas se tornam moeda de troca rasteira e criadora de dependência.
 
Mas há outra forma de se construir dignidade básica para a população: a democracia direta.
 
Nela, o governo e a população se relacionam em um patamar de igualdade, onde o posicionamento de ambos é horizontal.
 
As políticas públicas, e as obras e serviços decorrentes destas, são definidas de forma aberta,  organizada e dialogada.
 
E os resultados são vistos não como privilégios ou amarrações políticas, mas como uma conquista coletiva que para além do seu benefício em si, servem para construir uma cidadania participativa.
 
Esse é o caminho.
 
Libertar a população local da distância proposital da democracia representativa, trazendo esta população para a proximidade e a riqueza da democracia direta.
 
Daí chegamos no segundo ponto que  levantei: a elevação do nível de consciência política e social.
 
A população tendo uma relação direta com seu governo local, tendo um espaço horizontal de discussão e definição de prioridades, se liberta da relação pobre que os governos tradicionais com ela estabelecem, e passa a ser sujeito dentro do seu município.
 
Porque não se trata só de discutir obras pontuais.
 
Se trata de ganhar um nível de consciência que garanta autonomia e capacidade de construir, perceber, saber ler o que se apresenta no entorno da vida.
 
Se trata de obter ou manter dignidade e inclusão estando consciente e altivo, não sendo gado tocado e dirigido pelas palavras e ações de manipuladores.
 
Se trata de obter liberdade consciente das escolhas individuais e coletivas, se livrar das amarras do clientelismo,  da dependência e da relação falsa e desonesta  que os partidos tradicionais, sobretudo os da direita estabelecem com as pessoas.
 
O período eleitoral que se inicia tem disso: não é só uma relação de voto e de eleição.
 
É um período aberto para ganhar consciência e liberdade.
 
E o sorriso da liberdade conquistada não tem preço.
 
Ao trabalho.
 

 

Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente a opinião do portal.

 

Comentários

Precisamos incluir o povo na administração, uma democracia direta. Saudades do orçamento participativo é da proposta de Dilma na inclusão das entidades civis na administração pública. Precisando isso retomar.

Adalberto Paulo klock - 13/10/2020 07h29

E haja trabalho! Sempre que elegemos governos populares, a forma de governar se deu com a participação popular. Foi assim nos municípios e no estado! Mas parece que não foi suficiente para essa consciência libertária da opressão dos partidos de direita, que tão bem sabemos como agem. Ou não foi tempo suficiente ou não fizemos bem a lição de casa, que aliás, nós professores, fomos tão acusados de fazer. Chegaram a ao ponto de propor a tal da "escola sem partido", alegando que "doutrinávamos" os alunos. Se realmente tivéssemos feito, essa turma, que hoje aniquila com o país, não estaria no governo! É tarefa é árdua...

Mara Rosana Rosa - 30/09/2020 23h06

Admiro muito suas postagens, muita clareza e profundidade nos temas. Ótimas pra formar opinião. Abç

Nelson - 30/09/2020 18h31

 

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