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20/09/2020 09h18 - Atualizado em 20/09/2020 09h33
Restos de sonhos
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Paulo Schultz
Professor
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Para um povo que criou esperança e confiança de querer e poder ter vida digna, acesso à casa própria, acesso à universidade, possibilidade de viajar, colocar mais conforto em casa, se sentir respeitado e sorrir, o que restou?
Um tornado de ódio, mentiras e fundamentalismo burro varreu tudo, e jogou milhões nos escombros, para viver de restos de sonhos.
E viver os dias com a necessidade e a ausência.
Que desalento sente quem não tinha quase nada, passou a ter o digno, e foi empurrado para o quase nada de novo ?
Há no Brasil uma satisfação perversa de um minoritário punhado de gente em submeter a grande maioria à dificuldade e à aspereza da carência.
A aspereza dolorida que vem expressa no olho de alguém que pede troco na porta do supermercado ou do restaurante.
Que contrasta com a perversidade fria de quem nem se digna a olhar para quem faz o pedido, e responder.
Tem horas que o silêncio é uma navalha.
O Brasil depois da pandemia, e com a continuidade do rumo do não-governo federal, do capitão Messias, será uma vastidão de ausências e carências.
E os municípios, que são os espaços onde todas as mazelas deságuam, terão que dar conta disso.
Por isso, é imperativo que os novos governos locais sejam governos populares, voltados para a maioria, especialmente para quem mais precisa.
Daí a tarefa obrigatória de estabelecer vitórias populares logo ali na frente, nas eleições de novembro.
Porque, de 2021 em diante, a grande obra será juntar os restos de sonhos e transformá-los em dignidade e cidadania.
Ao trabalho.
Prá voltar a sorrir.
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Comentários
Parabéns sempre Paulinho,texto brilhante e verdadeiro,reflete a nossa realidade,mas ando tão sem esperança,não sei se é a pandêmia que esta nós deixando apáticos ou se estamos mesmo em completo desalento e sem esperança,suplico a Deus todos os dias para que o povo acorde e tenha consciência na hora de votar e lembre com os valorizou e quem retirou seus direotos
Helena - 21/09/2020 17h34
Bem isso, juntar os cacos de nossa hoje perdida dignidade de povo, de nação.
Tomara que a lição seja viva e aprendida, pois precisamos retomar o caminho da esperança com o que nos sobrar.
Adalberto Paulo Klock - 20/09/2020 23h25
Texto muito verdadeiro e atual aumenta nossa indignação ao que assistimos Brasil à fora, a começar pelo nosso município. Neusete faz os destaques da responsabilidade do voto nestas eleições municipais. Que as pessoas eleitas saibam reconhecer o direito à dignidade de vida do ser humano.
Terezinha Lazzaretti Krolikowski - 20/09/2020 21h48
Gostei disso Paulo: 'juntar os sonhos e transformá-los em dignidade e cidadania"!
Dignidade a pais e mães que lutam para garantir a infância de seus filhos; dignidade aos jovens que esperam um lugar na sociedade que lhe possa trazer futuro; dignidade às crianças que dependem de nós, adultos, no cuidado e na educação necessária; dignidade aos negros que enfrentam a cultura escravocrata do nosso país; dignidade às mulheres que sofrem violência; dignidade aos indígenas que são massacrados e mortos; dignidade aqueles que são atacados pelo pensamento fascista e fundamentalista que emergiu com muita força no Brasil com Bolsonaro e seu governo.
A cidadania está ameaçada porque a democracia virou papel rasgado. Por isso, vamos precisar sim, de governos de esquerda sim, que possam devolver a dignidade para nosso povo. Para isso, não podem estar alinhados ao governo Bolsonaro.
Prá voltar à sorrir!
Neusete M. Rigo - 20/09/2020 17h13