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17/11/2020 20h30 - Atualizado em 17/11/2020 21h56

A novidade é o velho voltando

Paulo Schultz Paulo Schultz
Professor
A novidade é o velho voltando
 
A velha direita clássica representada no PP, no Dem, e os partidos do pragmático "centrão" foram os grandes vencedores das eleições municipais esse ano no Brasil.
 
O mapa das votações dos partidos, das prefeituras conquistadas, do número de cadeiras conquistadas em câmaras de Vereadores, aponta claramente isso.
 
O bolsonarismo minguou.
Parece ter voltado ao seu tamanho de gueto.
E há várias razões para isso.
 
Uma delas é a incapacidade de formulação de propostas e de fazer política do bolsonarismo raiz.
 
É notório que a quase totalidade dos bolsonaristas raiz tem um vocabulário menor do que o vocabulário de um papagaio bem treinado.
 
E aí fica difícil fazer política e formular propostas.
Sobre o bolsonarismo e seu resultado raquítico nessa eleição de 2020, é isso.
 
Por outro lado, é preciso também considerar uma retração em números da esquerda.
E aqui cabe frisar, que esta retração em números é relativa,  pois há que  se contar a presença da esquerda em dezenas de disputas no segundo turno, em capitais(como São Paulo) e outras cidades de porte médio e importantes do país.
 
Mais: se no primeiro turno houve uma retração numérica da esquerda, há também que se considerar uma importante e promissora renovação de quadros, a partir da eleição de muitas figuras políticas novas da esquerda, com muita força para a  eleição de muitos candidatos e candidatas  vindos das periferias, além de oriundos de minorias.
 
Há um germinar dentro da esquerda, como um todo. 
O que, de forma simbólica e na prática, significa fôlego, resistência,  capacidade de renovação e crescimento consistente.
 
Como diz Lulu Santos, " a vida vem em ondas como o mar, num indo e vindo infinito".
 
Ou seja, em ciclos longos ou curtos, ondas políticas de direita, de centro, de esquerda, de extrema direita,  se revezam dentro da sociedade.
 
O país saiu de um ciclo extenso de esquerda, que terminou de maneira  forçadamente interrompida, para entrar num período de transição neoliberal, e,  em seguida,  em um período de extrema direita, inconsequente e incapaz, que, me parece,  será um período único, sem repetição.
 
E chegamos a este ano de 2020,  com a velha direita e o velho centrão ganhando terreno dentro da sociedade brasileira.
 
Ainda precisa de tempo para ter todos os fatores que compuseram a vitória deste grupo político de centro-direita.
 
É preciso passar ainda pelo segundo turno, e é preciso, sobretudo, fazer análises locais, e ao mesmo tempo nacionais, dos fatores que levaram a este resultado político no país.
 
Os próximos dias e semanas, juntamente com a reflexão necessária, nos darão estas respostas.
 
Mas no início dessa reflexão, deve-se começar com perguntas e observações:
 
Por quê a maioria do eleitor brasileiro optou pela velha direita clássica, e pelo fortalecimento da força política do centrão ?
 
Considerando que estas forças políticas são pragmáticas e, ao mesmo tempo, aliadas, submissas e servidoras do poder econômico, e dos interesses mais espúrios e nojentos deste.
 
Que debilidade social e financeira, que fragilidade de consciência, levou a maioria do eleitorado brasileiro a optar por quem faz campanhas e conquista vitórias eleitorais alicerçado  na coação, na pressão, na compra de voto com dinheiro vivo ou de maneira indireta,  e na trapaça sob as mais variadas formas?
 
Que guinada fez parte majoritária da população trazer o velho de volta, como se novidade fosse?
 
São perguntas de fundo, são observações iniciais, que devem abrir o processo de reflexão para entender o resultado político destas eleições municipais de 2020.
 
O fato é que teremos, em milhares de municípios e de câmaras de vereadores, pelo país afora, a velha maneira da velha direita e do velho centrão predominando.
 
E o resultado disso, para a grande maioria da população, não será bom, inevitavelmente.
 
Quando um ciclo novo vem, trazendo o velho de volta, temos uma espécie de retorno de algo que nunca colocou o país em um bom rumo.
 
Será que vale a pena tomar remédio ruim de novo?

 

Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente a opinião do portal.

 

Comentários

E mais uma pergunta, para colaborar com o articulista: Porquê a "esquerda", que administrou o país, o Estado e até o município não conseguiu firmar seu discurso perante o eleitor? Vou responder: Porque ficou claro como água que a prática da esquerda estava longe do discurso. O PT dizia uma coisa e fazia outra. Resultado? foram excluídos da cena política.

Joca - 18/11/2020 09h10

 

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