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20/02/2020 19h09 - Atualizado em 20/02/2020 19h28

Bolsonaro atira cascas de banana, e parte do PT e dos demais da esquerda correm para pisar em cima

Paulo Schultz Paulo Schultz
Professor
Bolsonaro pode não entender nada de tema algum com profundidade, mas não é burro. 
No campo da comunicação política, sabe o que fazer.
 
Quando fica encurralado por conta da sua ligação, e de seus filhos, com as milícias cariocas ,  ele sempre tem uma esperteza eficaz para tirar do bolso.
 
Ou lança alguma frase grotesca, que ele sabe que vai causar dias de impacto, repercussão, e tomar o tempo da mídia, e  de boa parte da esquerda rebatendo, ou, faz o que é seu modo de ação: se defende atacando o inimigo, e jogando sobre este inimigo a culpa do fato pelo qual está sendo acuado.
 
Está sendo assim agora, com a repercussão da morte/execução do miliciano Adriano, uma peça chave no esquema da família Bolsonaro com as milícias.
Acuado pela repercussão da morte, propagada como queima de arquivo, Bolsonaro tirou da cartola uma declaração malandra e contundente: " foi executado pela polícia na Bahia, estado governado pelo PT."
 
Pronto: tirou o assassinato de perto de si, e o jogou nas costas do PT.
 
Seus seguidores fiéis, uma porção que vai de 15 a 20% do eleitorado do país, já tem a palavra do mestre para repicar aos milhões rapidamente, e transformá-la em verdade absoluta.
Até aí, tudo normal.
Foi assim que Bolsonaro fez carreira política ascendente, e se auto constituiu "mito".
 
O problema é a inacreditável e  errada reação de parte do lado oposto - PT e esquerdas em geral.
 
Para não expor sua colossal falta de aptidão para governar dentro do ambiente democrático,  uma fragilidade absurda que contrasta com a violência autoritária, Bolsonaro joga no ataque com aquilo que melhor sabe fazer: ser grotesco, polêmico e pautar as falas e ações políticas de seus seguidores e, desgraçadamente, de parte considerável das esquerdas, que são o inimigo escolhido por Bolsonaro.
Como um matuto que sabe que é intelectualmente limitado, e compensa isso com malandragem, Bolsonaro joga sempre na ofensiva, pauta sempre na frente o assunto do dia, e dos dias seguintes.
 
E o PT, e os demais partidos de esquerda, em parte muito expressiva, correm prá pisar rápido e cair na casca de banana que Bolsonaro joga diariamente.
 
 É preciso que o PT e o conjunto das esquerdas ditem a pauta política, se antecipem à Bolsonaro, não queimem tempo e energia fomentando e amplificando as grosserias, ignorâncias e coisas grotescas que ele produz verbalmente, ou em postagens em redes.
 
Há que se enfrentá-lo pelo que ele não faz.
O que não faz em termos de políticas de geração de emprego e desenvolvimento do país,  do porquê vem desmantelando e minguando políticas públicas que beneficiam a maioria da população.
 Há que se cobrar porque vem  torrando o patrimônio público do país a troco de nada que seja aceitável.
Temos pautas às pencas para acuar o governo, acuar Bolsonaro, e ganhar a narrativa junto à maioria da população.
 
Deve-se  articular com setores sociais diversos,  com as minorias,  com quem defende o meio ambiente, com o universo da educação pública, básica e superior.
 
Não temos que cair na ingenuidade de querer cobrar de Bolsonaro sobre as pautas e ações que são o cerne de Bolsonaro e seu bolsonarismo "mítico".
 
Temos que impor outra pauta.
 
Temos que parar de ficar emitindo notas, rebatendo ataques friamente pensados para ditar a pauta e a nossa ação.
 
Em relação à esse caso específico da morte do miliciano,basta uma fala muito curta: 
"Bolsonaro, você e seus filhos tem ligação umbilical  com as milícias, e não o contrário. Portanto,  cala a boca e explica porque é que o país não se desenvolve economicamente,  porque é que as pessoas estão sendo jogadas na informalidade, porque o desemprego não se retrai, por que a miséria bate na mesa de milhões de brasileiros."
 
!É isso!
 
Temos que ditar a pauta política que  vai acuar  Bolsonaro e seu governo.
 
Em  sendo posto acuado,  na defensiva, ele se torna mais  violento, agressivo, grotesco,  mas expõe uma fragilidade política absurda, que fará com que politicamente não  se sustente, caso isso ocorra sucessivamente por um período de tempo longo.
E aí cai sua narrativa, e aí cai seu projeto perverso e autoritário.
 
Há que parar de se assustar,  de se  tomar pela violência e pela coisa grotesca que vem com Bolsonaro e o bolsonarismo.
Isso é o que o constituiu e o sustenta?
 
É a narrativa de Bolsonaro que se precisa destruir.
Impondo outra narrativa, que dite a pauta política, e  ganhe a maioria da população, o bolsonarismo se encerra em si, e volta para seu gueto.
 
Não se tem que ir para a ofensiva contra Bolsonaro para que ele deixe ser Bolsonaro, isso só o fortalece.
 
É preciso seguir outra linha: mirar no que ele não é e não faz: alguém com o mínimo de postura de governante, capaz de governar o país para todos, sem ódio e insanidades.
 
Não adianta esperar somente por disputas eleitorais, nem a deste ano, nem a de 2022.
Elas são cruciais sim, mas há uma destruição de fato, acompanhada de uma narrativa doente e contaminativa que precisa ser combatida já, no dia a dia da vida do país.
Com firmeza e precisão.

 

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Comentários

Casca de banana foi o que lula jogou no país. Enganou os eleitores - não eu, que não fui idiota de votar no lula -, e depois da casca, deu uma banana prá todo mundo. Eu que não o elegi tive que suportar o período do seu desgoverno assistindo a farra com dinheiro público, o egocentrismo exacerbado e apoiado por uma leva de imbecis que perdura ainda até hoje. Hoje temos Bolsonaro, outro que não levaria meu voto em uma eleição normal. Mas desde que o PT surgiu as eleições não são mais normais, são uma luta entre manter a democracia ou entregar o país para que lula e o PT deitarem e rolarem, alterando inclusive o sistema político do país, que só não o fizeram porque a população os escurraçou do poder, graças a Deus. O PT foi escurraçado e o professor quer pautar o país? O PT roubou e o professor quer inocentar os ladrões do seu partido? o PT enganou e o professor quer vitimizar seus políticos? Ora professor, um pouquinho, só um pouquinho de clareza vai fazer você arrepender-se de todos estes textos subservientes que você coloca aqui. Você é isto, subserviente à personificação do macunaíma, o personagem preguiçoso e mal caráter que lula tão bem representa.

Joca - 25/02/2020 12h03

Sim, amigo, temos que ditar a pauta política e parar de sapatear em cima da casca de banana deixada pela familícia, nesse caso específico da morte do miliciano, é como tu disseste, basta uma fala curta e grossa – Bozo pai e os “irmãos metralha” tem ligação direta, umbilical (gostei disso) com as milícias. É público e notório, ponto. De resto, é mandar parar de falar merda, por que se tu vês, ele não sustenta o próprio discurso, é um boçal completo... O ponto crucial é mesmo pedir explicações de por que o País está do jeito que está. Ou seja, um atraso no desenvolvimento econômico, as pessoas estão sendo jogadas pra informalidade e miséria se multiplica pra cego ver. O resto é “diz que deu, diz que dá. Diz que Deus dará. Não vou duvidar, ô nega. E se Deus não dá. Como é que vai ficar, ô nega. Diz que Deus diz que dá”...

Roselaine Bitencourt - 21/02/2020 11h36

É exatamente isso que falta. Não dá pra ficar, o tempo todo, ocupando tempo precioso, para discutir a pessoa do Bolsonaro e suas atitudes que lhe são inatas. Oposição tem que discutir o governo. No todo. Apontando as incoerências, a incapacidade de governar pela democracia (ouvindo todos os setores), a economia e seus aspectos negativos, como o descontrole do câmbio em razão do lírio crescimento econômico, o desastre social provocado pela política de contrição de gastos que prejudica o povo pobre para favorecer os banqueiros e rentistas... realmente, tem muita coisa para se criticar que não vale a pena perder tempo com a pessoa dele. O que importa para o povo é a qualidade de vida. Se melhorou ou piorou. Mesmo porquê, nossa sociedade tá longe de ser uma confraria de anjos. Parabéns pelo texto. Lúcido e crítico. Há muito a se fazer pelo bem do país e de seu povo. Até o momento é só lamento. Bom carnaval!!!

Schmidt - 20/02/2020 20h49

 

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