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21/10/2019 11h19 - Atualizado em 21/10/2019 11h20
Porque não caíram os butiás do bolso
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Paulo Schultz
Professor
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A se consumar a anunciada intenção de uma aliança oficial em Santa Rosa, entre o PP, partido da elite local, e o MDB, do boçal Osmar Terra, se estabelece, de maneira oficial e pública um relacionamento que funcionava veladamente por longos anos.
Eram amantes, que pretendem assumir o relacionamento oficialmente.
Foram várias eleições em nível estadual e nacional, onde ambos estiveram juntos, apoiando as mesmas candidaturas, e trabalhando para elegê-las.
Foi assim, em nível estadual, com Britto, Yeda, Sartori
Foi assim, em nível nacional, com Fernando Henrique, Serra, Alckmin, Aécio Neves, e por último, Bolsonaro.
O relacionamento incluía o PP não ter candidato local a deputado federal, para não atrapalhar Terra, e o MDB local retribuir, lançando candidaturas laranja,com intuito de fragmentar o eleitorado de Santa Rosa, não permitindo a vitória do PT, e facilitando a manutenção do PP no poder.
Com a anunciada intenção de aliança oficial, pensada por cima, na cúpula, para funcionar de maneira matemática, somando as bases e eleitorado de ambos, temos então a inserção de novos interesses, somados aos que já existiam.
Difícil saber a extensão total destes, além dos já acima citados.
Mas, por dedução, um dos intuitos ( além do óbvio para o PP, que é garantir a continuidade do projeto da elite local no poder) é oferecer ao MDB local uma fatia do poder, para aqueles que hoje estão alijados de qualquer fatia, em qualquer nível.
Os desavisados, os que não acompanham a política com algum grau de atenção, esboçam reação de surpresa.
Afinal, Terra e seu MDB, teoricamente eram adversários dos governos oligárquicos da Arena, do PDS, da elite local, enfim.
Mas para quem acompanha, desde o final da década de 90, a movimentação local dos dois partidos, sabe que acordos velados e perfeitamente simétricos entre ambos os tornaram parceiros.
Para os observadores, então, não caiu nenhum butiá do bolso ao saber do anúncio da intenção de união dos dois partidos numa aliança para enfrentar o real adversário comum - o PT, e demais forças políticas do campo popular.
É uma formalidade para sacramentar uma relação velada, de longa data, sempre feita por cima, pela cúpula, longe das bases de cada um.
Aliás, a pretensa soma matemática simples das bases e eleitorado, é bastante arrogante.
É bom que venham assim para a disputa.
Torna-se mais honesta, sem máscaras, embora a união seja indigesta, por seu caráter, para muitos.
O campo popular de Santa Rosa agradece.
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