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18/09/2011 23h41 - Atualizado em 04/05/2017 23h43

Comemoração e vergonha na Semana Farroupilha

Aline de Mattos Aline de Mattos
Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Publicidade e Propaganda pela Unijuí - RS e pós-graduada em Docência do Ensino Superior pelas Faculdades Unicen - MT

Já fazem muitos anos que deixei de trajar o longo vestido de prenda e usar flores no cabelo durante as comemorações da Semana Farroupilha e em tantos outros eventos tradicionalistas do qual participava quando criança, adolescente e o início da juventude. Porém, nem por isso, esqueci da história do Rio Grande do Sul marcada por revoluções e pela Guerra dos Farrapos que simbolizam a formação cultural do nosso estado, nem ao menos deixei de apreciar uma boa melodia nativista, as letras de tantas músicas que são verdadeiros poemas uma boa declamação, e aplaudo a repetição das gerações que cultivam as Danças folclóricas seguindo as orientações rigorosas do Manual de Danças de Paixão Cortes.

Saboreio o chimarrão e cultivo o prazer de partilha-lo em família ou com os amigos, seja inverno ou verão e meu filho, de pouca idade, já conhece o sabor do amargo. A cultura gaúcha é rica, forte, é cultivada pelas gerações e expande com facilidade, levada pelos gaúchos para onde vão, em busca de novas oportunidades, desafios, carreira, conquistas.

Mas há uma parte que me envergonha, entristece, adoece o coração daqueles que realmente conhecem a verdadeira herança farroupilha, a essência da cultura rio-grandense. Muitos que jamais usaram uma pilcha usam as Comemorações da Semana Farroupilha como motivo para “bebedeira, farra”, mistura musical que desrespeita o próprio gaúcho, gente que não sabe nem a origem da palavra gaúcho, quem dirá conhece a sua história. E que não queriam entender errado: não é preciso cultivar as tradições, ninguém é obrigado a isso, mas que não se permita destruir com sua imagem àqueles que não as conhecem, que não façam dos festejos farroupilhas “cachaçadas e cervejadas” tamanhas a envergonhar o Estado e que o churrasco, conserve o sabor da amizade e não da folia.

Não me considero “antiga”, tão pouco antiquada ou careta, mas acredito em valores. E esses valores são alicerces da sociedade, esta em que se perdem jovens em acidentes, em drogas, sem perspectiva, sem desejos, sem sonhos... Acabaram-se os festivais musicais, agora se fazem “verdadeiras porcarias” de frases repetidas sem significado algum, que destroem a capacidade de raciocínio mínima que há e o pior: as chamam de música.

Espera-se que ainda existam prendas e peões dignos do vestido e da bombacha, capazes de estudar a verdadeira história rio-grandense e cultivar a essência da tradição. Que ainda haja tempo para uma poesia à antiga, um café de chaleira e um fogo de chão!

 

Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente a opinião do portal.

 

Comentários

Vergonha é roubar a foto de um fotógrafo, não creditar a imagem a ele e ainda colocar uma marca d´água de terceiros em cima. Aliás, isso não só é vergonha, mas é crime.

Luciano Stabel - 16/09/2016 12h29

essa mulher é loucaaa

andressa naibert - 15/09/2014 14h09

Se a escritora é formada em comunicação social, deveria saber que utilizar fotografias sem autorização do autor é ilegal. Alterar o original, pior ainda. Por gentileza, REMOVA a imagem da bandeira RS. O autor agradece (www.stabel.fot.br / www.profileimages.com.br)

Luciano - 29/01/2013 11h08

* continuo: suas vidas, mas sinto vergonha dos tratados que por ideias maiores e gananciosos forjaram uma batalha para exterminar guerreiros negros, por estes terem em suas almas o grito de liberdade, motivo: não saber o que fazer com estes. Sou descendente de italianos e tenho orgulho de ser gaucho, pois em bicos de pedras construimos o nosso chão, e se o gaucho é o que é hoje, foi graças a esta mistura de etnias.

Andre - 05/11/2011 18h14

Parabens pela publicação e descordo da Regina,Joel e outros, acho que devemos comemorar as tradições do povo gaucho, onde a dança teve influencia de varios povos, o que foi resgatado por Paixão Cortes e alem disto CTG somente tem pouco mais de meio século, então isolar etnias é ridiculo. Me orgulho dos combatentes que deram ou arriscaram suas *

Andre - 05/11/2011 18h06

Negro, guarani, charrua,espanhol,lusitano, germano e italiano essa mistura toda faz um gaucho, nos gauchos temos essa origem o desfile na verdade se tornou uma vergonha como um se fosse um carnaval, nada contra mas cada coisa no seu lugar, porque policia civil e militar tem que desfilar, deixem o dia 20 de setembro para os herois farroupilhas

edu - 27/09/2011 12h34

Descendentes de italianos e alemães deveriam focar na festa da etnias. Vamos deixar o 20 de setembro para os descendentes dos agraciados com grandes sesmarias. E vamos comemorar o Cerro dos Porongos.

Joel - 27/09/2011 11h05

Parabéns pelo artigo. É assim que nós gaúchos devemos defender nossas tradições . Nossos jóvens precisam ter mais seriedade em seus atos. Comemorar a Semana Farroupilha é algo muito sério para quem realmente conhece a história do nosso Estado.

Noemi Bernardi - 27/09/2011 10h47

Acredito sinceramente que as opiniões externadas acima, todas, tem alguma coisa a ver com o que o artigo da Aline expõe, mas faltou o entendimento principal e que não vi em nenhum dos comentários citados. Gente ONDE está nossa MORAL e BONS COSTUMES neste momento. Será que estamos esquecendo dos valores tão importantes que tem UMA FAMÌLIA

Rubens Beras - 27/09/2011 07h55

De meu ponto de vista, o que deveria ser o desfile seria, representação dos Farrapos, suas vestes etc...e depois o nosso Gaúcho original. De pilcha cavalo...

Oldison K. - 27/09/2011 00h12

Bom, eu tenho como minha opinião, o desfile farroupilha deste ano em Santa Rosa, em partes desvalorizou a nossa cultura. Pois como sabemos, a Revolução Farroupilha foi iniciada pelos farrapos. Eu não vi na história, que foi um alemão, um italiano, polonês que declarou o inicio da Revolução Farroupilha.

Oldison K. - 26/09/2011 23h27

Deixa ver se entendo Regina, então gaúcho é só aquele que tem uma certa origem étnica. Eu como descendente de alemães e italianos não sou gaúcho? Tudo o que os imigrantes fizeram e contribuiram para esta terra não tem valor?

Magnus Langbecker - 26/09/2011 18h18

Bom, Giusepe Garibaldi era italiano,mas nem por isso a semana farroupilha tem que ter apresentação de etnia italiana,essa semana é justamente para que nós possamos recordar,vivenciar,celebrar e sobretudo nos orgulhar cada vez mais de tudo que nossos antepassados fizeram por nossa terra,nosso chão .Deixemos a etnia italiana pra festa das etnias.

Regina - 26/09/2011 11h31

E quanto a bebidas e outros vale lembrar que a cachaça de alambique e o fumo "criolo"" são tão tradicionais quanto o chimarrão e o churrasco. É uma questão de gosto pessoal e autocontrole o fator limites.

Magnus Langbecker - 23/09/2011 09h41

Não vejo como despropósito valorizar a nossa variedade de origens e etnias. Afinal o 20 de Setembro é de todos os gaúchos. Usem bombacha ou não. E nenhuma etnia é proprietária do nossos estado. A cultura açoriana e sua influência devem ser destacados e valorizados, mas, principalmente em nossa região, não é unica formadora de valores e costumes.

Magnus Langbecker - 23/09/2011 09h38

Vale salientar quanto ao questionamento sobre presença de culturas "exóticas" que quem estudou história sabe que um dos participantes do movimento farroupilha foi Guiseppe Garibaldi italiano legitimo. Anita Garibaldi sua esposa brasileira acompanhou-o para a Itália e lá também teve participação em importantes embates.

Magnus Langbecker - 23/09/2011 09h35

concordo contigo, sou gaucho, sim, mesmo sem trajar a indumentária, para ser gaucho não é preciso pilchar-se, cuspir grosso e comer carne gorda com canha. Fiquei pasmo ao entrevistar alguns integrantes de piquetes e constatar que nenhum pode me relatar a origem daquilo que tentaram viver durante a semana farroupilha! E viva o "papa", Paixão Cortes

Tiago Luis Pedroso - 22/09/2011 16h50

Valeu, Aline. Belo puxão de orelhas na irresponsabilidade cega da juventude que desvirtua estes e outros valores. Talvez a revolução que estejamos precisando agora, nem seja a de contrariar o governo federal, mas melhorar nossa sociedade para que nossa nova façanha (melhorar a educação dos jovens, por exemplo) sirva de modelo a toda terra.

Ricardo Almeida - 21/09/2011 19h54

Resta-nos tão somente a esperança de que a sociedade desperte de seu "berço esplêndido", e revolucione as estruturas de dominação que nos submetem. Que os gaudérios mostrem seu valor e saiam dos piquetes e façam algo de útil para que as novas gerações cultivem a verdadeira tradição, e não histórias de bebedeiras, manchando a imagem do povo gaúcho.

Volmir - 21/09/2011 16h39

O desfile que deveria ser somente sobre a história do s gaúchos,com desfile de cavalos,gaúchos e prendas,agora tem misturado cultura italiana,e outras apresentações que nada tem a ver com o 20 de setembro.Gaúchos(as),não deixem nossa história morrer,sejamos verdadeiros gaúchos e prendas,que amam o nosso Rio Grande do Sul e que têm orgulho desta data,que ela possa ser comemorada todos os dias e não uma vez ao ano.

Regina - 21/09/2011 12h59

Infelizmente tudo isso é verdade,nossa cultura está relegada a folia,como se fosse carnaval;até mesmo o desfile de 20 de setembro,que deveria,ao meu ver,ser sobre a nossa cultura e sobre as nossas tradições,agora tem junto desfile de outras culturas.

Regina - 21/09/2011 12h54

Bom, penso que nem tudo está perdido, e que mesmo que poucos ainda existem jovens que amam e cultuam nossas tradições, afinal isso vem de berço, de criação... e enquanto existirem pessoas assim, nem que sejam poucas, sempre existirá o amor pelas tradições... e a chama de nossa cultura sempre estará acesa.. :D

Inajá II - 21/09/2011 12h24

Com certeza, nossa cultura está mais do que defasada, ainda mais nessa época em que as demonstrações de amor por nossa terra estão em evidência, a maioria das pessoas vê tudo isso, como mais um feriadão em que vão "encher a cara" e fazer festa...

Inajá - 21/09/2011 12h21

Adorei o artigo Aline, nele ficou explicito de que o gaucho nao deve deixar esquecer de sua historia, nem mesmo de suas raizes e acabar de vez com essa pouca vergonha de usar esta festa linda pra fazer "farras e bebedeiras".... Parabens.

patricia cansian - 20/09/2011 21h28

Muito tua matéria! Parece que de uns tempos para cá as pessoas conseguem e tem o prazer de "desvirtuar" tudo o que é do bem! Salve 20 de Setembro!,Como eu gostaria que o Rio Grande fosse um País!! Aliás que belo nome: REPÚBLICA RIO GRANDENSE! ESTÁ ALI ESCRITO NA NOSSA BANDEIRA...

PAULO MOACIR SOARES - 20/09/2011 00h29

 

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