Colunas / Cultura
19/08/2011 14h25
Páginas desnudas
|
Sávio Hermes
Advogado e Escritor.
|
O que há na verdade não é a invasão tecnológica, o que há, na verdade é a evasão da criatividade. Todos se acham, tendo, o conhecimento de alguma ferramenta da internet e claro, isto não é novidade nenhuma, nem mesmo verdade que seja, mas pode ser uma forma de explicar as coisas.
Daí que é o fim dos jornais impressos. É o fim do leitor. Os novos leitores somente utilizarão os recursos tecnológicos, deixando o bom e velho formato do livro em algum museu longe de você. Também pode ser uma explicação ou uma justificativa, mas que não apresenta nenhuma criatividade.
Preocupado com isso, algum editor maluco, resolve inovar, fazer um livro colorido, com ilustrações, cheio de figuras e pouco texto - os tempos atuais exigem textos curtos, se não nunca serão lidos. Outro faz um livro dentro de uma caixa de fósforo. Outro ainda, mais astuto, faz um livro dentro de um pequeno navio, que está em uma garrafa de vidro, que foi jogada ao mar.
Isto tudo, considerando que o problema da leitura é o livro e não os leitores. Pois bem, mesmo perante a suposta criatividade na produção dos livros, percebe-se que há relativo sucesso com relação a formatos diferentes, porém, continua muito aquém do que seria um ideal, dentro de uma noção de conhecimento, informação e entretenimento.
E, como nem só de buracos se faz um noticiário, eis que surge de longe a salvação da leitura. Na cidade de Nova Iorque (EUA), um grupo de atrizes e intérpretes desenvolveu uma proposta ousada: as galegas resolveram ler sem roupa, obras de autores consagrados ou não. E lêem direto do fossilizado livro e ninguém reclama.
Conta-se que a cada edição vem aumentando o número de espectadores, que ao que tudo indica, iniciam a audição, observando as partes pudendas da intérprete, mas, no andar na carruagem, acabam se perdendo mesmo, nas brumas da literatura.
E, como vivemos as vésperas de mais uma edição da feira do livro, a comissão organizadora poderia propor uma leitura mais despojada, a exemplo das americanas, como forma de atrair pessoas para ouvir a leitura e poder imaginar, o quanto a leitura pode nos deixar nus.
Este artigo é de responsabilidade exclusiva do seu autor, não representando necessariamente
a opinião do portal.